economia

Foco é a reengenharia do cheque especial, para reduzir a regressividade, diz BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a atacar nesta terça-feira, 19, que os juros altos do cheque especial e voltou a prometer uma “reengenharia” desse produto. “O cheque especial é produto regressivo, já que quem paga a conta é quem está embaixo na pirâmide. Precisamos fazer uma reengenharia de forma também que os bancos não retirem o produto da prateleira”, afirmou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Ele também voltou a dizer que a instituição planeja lançar na próxima semana um mutirão para que os bancos renegociem as dívidas dos clientes e ofereçam cursos de educação financeira. “Os bancos deverão abrir por mais tempo para renegociar (nesse mutirão). Estamos vendo a possibilidade inclusive de abertura das agências aos sábados”, completou.

Investidor em bolsa

O presidente do Banco Central avaliou que o aumento de investidores operando na bolsa deve estimular a abertura de capital por diversas firmas no próximo ano. “O número de pessoas negociando na Bolsa subiu, o que também deve aumentar o fluxo de empresas negociadas no mercado de ações”, afirmou.

Campos Neto voltou a destacar a necessidade de aumento do mercado de crédito imobiliário e de infraestrutura. “O financiamento imobiliário ainda é de 8% a 9% da carteira dos bancos, enquanto a média no mundo é de 45%. O sistema hoje ainda é muito pouco alavancado, temos espaço para aumentar o crédito imobiliário”, repetiu. “O financiamento de infraestrutura também é bastante pequeno no Brasil, sendo incentivado basicamente por dinheiro público nos últimos anos. Precisamos fazer uma reinvenção pelo setor privado”, reiterou.

Mais uma vez, o presidente do BC listou as medidas adotadas pela instituição para o barateamento do crédito, como a implementação do cadastro positivo. “Esperamos que o cadastro comece a fazer efeito entre o fim deste ano e o começo de 2020”, acrescentou.

Microcrédito

Campos Neto defendeu novamente a expansão do mercado de microcrédito no País. “O microcrédito é produto de comunidade, em que uma pessoa garante a outra. Esse modelo tem uma inadimplência muito baixa”, afirmou. “As pessoas perguntam, se microcrédito é produto bom, porque não fizeram? O problema do microcrédito é que produto tem crescimento orgânico muito lento”, completou.

Para Campos Neto, em algum momento, grandes bancos vão começar a fazer microcrédito. “Precisamos colocar dinheiro na mão de quem quer empreender, fazer a máquina rodar e gerar emprego”, acrescentou.

O presidente do BC disse ainda que os recursos para microcrédito estão empoçados pela existência de poucas plataformas para escoar esses financiamentos. “O que tem mudado recentemente é a tecnologia, que democratiza o sistema financeiro. Fintechs que irão fazer isso”, avaliou.

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