O Brasil é um dos países emergentes em que a dívida das empresas tem risco “razoavelmente substancial”, afirmou o chefe do Departamento Monetário e de Mercados de Capitais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Chris Walker, em uma entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 09. “Ocorreu uma acumulação de dívida pelas empresas brasileiras ao mesmo tempo em que os ganhos (nos balanços) se reduziram um pouco. Estamos monitorando essa situação”, afirmou na entrevista.
A dívida corporativa no Brasil cresceu nos últimos anos, com muitas empresas captando no exterior por conta da liquidez abundante no mercado financeiro internacional, sobretudo por conta da política de estímulos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que já injetou US$ 4 trilhões no mercado financeiro. Walker frisou que a parcela dos passivos corporativos no Brasil detido por estrangeiros está acima de 25%.
O economista citou na entrevista que o FMI fez um teste de estresse com as empresas brasileiras no relatório “Estabilidade Financeira Global”, divulgado hoje. De acordo com o relatório, 50% do débito corporativo do Brasil estaria “sob risco” na hipótese de uma séria turbulência externa, em uma situação que só é melhor do que as registradas na Índia, Turquia e Argentina, dentro de um universo de 15 emergentes. Essa turbulência poderia ser provocada, por exemplo, pela alta de juros nos países desenvolvidos.”Nesse cenário, diz Walker, seria um desafio para as empresas brasileiras refinanciarem seus passivos e pagar os serviços das dívidas.”