A política fiscal tem tido papel-chave no reequilíbrio da demanda mundial e o ajuste fiscal será uma das forças dominantes da economia global nos próximos anos, afirma o relatório Perspectiva Econômica Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado hoje.

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“Para restaurar a sustentabilidade fiscal, muitas economias avançadas precisam reduzir seu déficit no orçamento. Economias emergentes e em desenvolvimento estão promovendo aperto para melhorar a política fiscal e, em alguns casos, para evitar o superaquecimento de suas economias”, afirma o Fundo.

Segundo o documento, o ajuste fiscal tem efeito “substancial e duradouro” na conta corrente. “Cortar o déficit do orçamento em 1% do PIB melhora o balanço da conta corrente da economia em mais de 0,5% do PIB”, afirma o FMI. (Luciana Antonello Xavier, correspondente)

Déficit externo dos EUA – A política de ajuste fiscal dos Estados Unidos irá contribuir pouco para redução do déficit externo do país, afirma o relatório. De acordo com o documento, um resultado melhor no longo prazo é conseguido quando existem medidas de aperto fiscal permanentes.

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“A falta de medidas de consolidação mais permanente nos Estados Unidos sugere que a política fiscal, do modo como está planejada atualmente, irá contribuir pouco para trazer para baixo o déficit externo do país”, diz o relatório, que aborda o problema do déficits gêmeos – fiscal e externo – em algumas economias, como os Estados Unidos.

O FMI dividiu a economia global em seis principais grupos – Estados Unidos, Japão, Alemanha, zona do euro (excluindo Alemanha), Ásia emergente e resto do mundo. Segundo o Fundo, essas regiões juntas pretendem promover um ajuste fiscal de 2010 a 2016 que varia de 4,6% do PIB nos EUA a um nível mais baixo, de 1,6% do PIB, na Ásia emergente.

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“Mas a diferença importante nessas regiões, no entanto, é saber quanto da melhoria no balanço estrutural primário nos próximos anos é resultado de novas medidas permanentes de consolidação e quanto se deve à expiração de medidas temporárias, implementadas durante a crise”, pondera o relatório.

Como exemplo, o relatório cita o caso dos EUA. “Quase dois terços da melhoria projetada na posição fiscal dos EUA vem da expiração de medidas de estímulo, enquanto 1,7% do PIB se refere a medidas de consolidação novas e permanentes”, observa o Fundo. Por outro lado, diz o relatório, a melhora da posição fiscal na zona do euro, excluindo a Alemanha, deve ser atribuída a medidas fiscais permanentes, de efeito de longo prazo.

Países como Austrália, Canadá, Reino Unido e alguns membros da zona do euro estão entre os que estão adotando medidas de consolidação fiscal mais abrangentes e permanentes, o que deve refletir positivamente nos balanços externos desses países. Outras regiões, como a Ásia emergente e a Alemanha, estão promovendo um aperto fiscal menor, que deve ajudar a reduzir o superávit externo em suas economias.