O Fundo Monetário Internacional (FMI) está sendo reinventado, aos 65 anos. Fortalecido pela crise, tem planos para se converter numa espécie de banco central e cumprir um novo papel de supervisão dos mercados financeiros – missão recomendada pelo grupo das 20 maiores economias desenvolvidas e emergentes, o G-20. Como um banco central, poderá administrar um caixa comum de reservas. A ideia é livrar os países membros da acumulação de grandes volumes de dólares e de outras moedas importantes. Os dois objetivos estão, desde ontem, na agenda oficial do Fundo, por decisão de seu principal organismo político, o Comitê Monetário e Financeiro Internacional, formado por 24 ministros de Finanças de todos os continentes, incluído o brasileiro, Guido Mantega.
A ideia de formar um pool de reservas, uma espécie de caixa comum, foi defendida na reunião do comitê pelo diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn. A crise, segundo ele, evidenciou a necessidade de fundos de segurança muito amplos para se enfrentar os choques originados do mercado de capitais. Sai muito caro acumular essas reservas e o FMI, segundo ele, deve oferecer uma alternativa mais conveniente e com credibilidade.
A formação do pool de reservas, disse Strauss-Kahn, pode ser um passo adiante dos mecanismos de financiamento experimentados com êxito na crise – a nova Linha de Financiamento Flexível, oferecida ao México, à Polônia e à Colômbia, e os Acordos de Acesso Amplo e Preventivo, firmados com várias economias em desenvolvimento. A linha inaugurada pelo México é acessível, sem burocracia e obrigação de cumprir metas de desempenho negociadas com o Fundo, mas é reservada a países com bom histórico na administração fiscal e monetária. O acordo com o governo mexicano permanece em vigor, mas não foi preciso tocar no dinheiro. A mera possibilidade de acesso imediato e sem burocracia a US$ 40 bilhões parece ter desencorajado qualquer ideia de especulação contra o peso.