A economia brasileira está encolhendo 0,7% neste ano e crescerá 3,5% no próximo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). As duas projeções são mais favoráveis que as divulgadas em julho, quando se estimava uma contração de 1,3% em 2009 e se previa um crescimento de 2,5% em 2010. A recessão global está acabando, segundo o Panorama Econômico Mundial. Mas o tom de otimismo é logo moderado por uma advertência: a recuperação atual é fraca, o crédito continuará restrito e haverá desemprego ainda por um bom tempo.
A reação tem sido puxada pelo vigoroso desempenho das economias da Ásia e pela estabilização ou modesto crescimento noutras áreas, observam os autores do relatório. Pelas novas contas, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve diminuir 1,1%, em 2009, e aumentar 3,1%, no próximo. Esses números ocultam, no entanto, amplas diferenças entre as condições dos países mais desenvolvidos e as dos demais. A produção das economias mais avançadas deve diminuir 3,4% antes de passar a uma expansão de apenas 1,3%, em 2010.
Na América Latina, houve mais espaço para políticas de combate à crise nos países com regime de metas de inflação (Brasil, Colômbia, Chile, México, Peru e Uruguai). Nesses países, os esquemas de política econômica foram fortalecidos nos últimos anos, segundo o relatório, e seus fundamentos estavam sólidos quando a crise começou.
“A política fiscal em muitos países da região foi contracíclica pela primeira vez em décadas”, de acordo com o Panorama. Em outras palavras, pela primeira vez em muito tempo, houve condições para se conceder incentivos sem alimentar a inflação ou criar uma crise cambial. Já no ano passado os economistas do Fundo haviam chamado a atenção para os ganhos de estabilidade em grande parte das economias latino-americanas. Uma recuperação muito lenta da economia mundial poderá, no entanto, dificultar a retomada na região.