Washington
– O Fundo Monetário Internacional (FMI) rejeitou especulações, feitas às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, de que a dívida brasileira seria “insustentável”. A vice-diretora-gerente do organismo, Anne Krueger, disse que a conjuntura crítica na América Latina exige que os governos da região levem adiante reformas econômicas, mas rejeitou pareceres de analistas econômicos sobre o Brasil.“O Brasil passa por um momento importante”, disse Krueger, referindo-se às eleições. “A política macroeconômica do País foi e é consistente com uma dívida sustentável e decrescente no futuro.” Krueger, que fez seus comentários na noite de quinta-feira, durante um discurso na Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, acrescentou que existe uma razão fundamental pela qual o Brasil não sofreria uma turbulência igual à da Argentina, e isso seria a força de sua política econômica.
Sobre a Argentina, a vice-diretora do FMI disse que cabe às autoridades de Buenos Aires levar as conversações com o fundo, sobre ajuda econômica, a uma rápida conclusão. No entanto, ontem o mesmo FMI voltou a se manifestar sobre o Brasil, afirmando que espera que o novo governo, a ser eleito amanhã, aja rapidamente para estabelecer uma forte equipe econômica, que apresente um plano claro para evitar potencial crise.
O economista-chefe do FMI, Kenneth Rogoff, declarou que “a nova equipe econômica terá de especificar sua agenda de forma a trazer clareza, porque o mercado claramente vê uma grande dose de incerteza sobre as políticas a serem adotadas”. O economista-chefe do FMI, que concedeu empréstimo de US$ 30,4 bilhões ao Brasil em agosto passado, disse ser “crítica” a necessidade de o governo eleito agir com urgência para diminuir o temor, por parte dos investidores, de que as reformas econômicas sejam abandonadas.
Rogoff declarou que a taxa de juros deve cair e que a turbulência do mercado tende a se acalmar caso o novo presidente nomeie uma equipe de peso que consiga convencer os mercados de que suas políticas serão sensatas. O economista-chefe defende que o novo presidente tenha como prioridade a redução da dívida pública em relação ao PIB . “A médio prazo, ele precisa encontrar formas de reduzir essa proporção”, disse Rogoff.
A preocupação dos mercados é que, em eventual governo petista, haja um aumento de gastos governamentais. A deterioração do Orçamento poderia levar à moratória da dívida. Rogoff afirmou que essa redução poderia ser alcançada por meio da manutenção de superávits fiscais ou da implementação de reformas estruturais para aumentar a perspectiva de crescimento econômico a longo prazo.
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Dirceu, disse ontem que a equipe econômica do governo petista não será anunciada na próxima terça-feira, dia 29, caso se confirme a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. O que será anunciado nesta data, segundo Dirceu, é a equipe de transição de um eventual governo petista. As informações já adiantadas pelo economista Guido Mantega, do PT, são de que a equipe de transição contará com os nomes responsáveis pelo Banco Central, Fazenda e Planejamento, mas que estes não serão necessariamente os definitivos.