O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou como bem-vinda a recuperação do Brasil depois de anos de profunda recessão, mas que o recente aumento de incertezas políticas impõe riscos à perspectiva econômica e à agenda de reformas do governo. As avaliações fazem parte da conclusão do Artigo Quarto de Consultas do FMI ao País.

continua após a publicidade

Dirigentes do conselho executivo do Fundo enfatizaram que “a adoção de firmes políticas e ambiciosas reformas estruturais são necessárias para apoiar a estabilidade macroeconômica, assegurar confiança e ancorar crescimento forte e duradouro.”

continua após a publicidade

Os diretores do FMI ressaltaram que, para o Brasil, “assegurar a sustentabilidade fiscal” é uma prioridade essencial. Eles elogiaram a “ambiciosa consolidação e esforços de reformas das autoridades, cujo objetivo é garantir a sustentabilidade das finanças públicas e da Previdência Social”.

continua após a publicidade

Os dirigentes do conselho executivo do Fundo apontaram como positivo o foco no controle do crescimento das despesas federais, o que inclui o teto de gastos aprovado pelo Congresso. No entanto, eles destacaram que esforços adicionais são necessários para atingir os objetivos fiscais.

À luz dos desafios que a economia do Brasil enfrenta, os diretores do FMI apoiam o ritmo atual dos ajustes das contas públicas, mas enfatizaram que esforços precisarão ser mais intensos assim que a retomada da economia estiver em pleno curso. “Um arcabouço fiscal móvel de médio prazo poderá ser útil para clarificar e atualizar os objetivos do governo para estabilizar sua dívida.”

Os dirigentes do FMI destacaram a necessidade de reforma da Previdência Social, inclusive para servidores públicos em todos os níveis de governo, no contexto de tendências demográficas desfavoráveis e desequilíbrios atuariais. “Os diretores expressaram preocupações com finanças subnacionais e encorajaram as autoridades a continuar desenvolvendo soluções duradouras em coordenação com os Estados.”

Os diretores do Fundo concordaram que a política que administra a taxa de juros pelo Banco Central está sendo calibrada de forma apropriada e “recomendaram a continuidade da flexibilização monetária”. Contudo, eles encorajam a contínua reavaliação da política (de juros) de acordo com a evolução da inflação e expectativas e perspectivas de reformas fiscais.

O FMI também avaliou como bem-vindos os esforços de fortalecimento do sistema de metas de inflação com melhorias da comunicação e passos adotados para aliviar distorções nos mercados de crédito.

Os dirigentes do FMI ressaltaram que o sistema de câmbio flutuante e as reservas internacionais são fontes de força para o Brasil e “devem ser preservadas.” Eles elogiaram a redução de intervenções no câmbio e recomendaram que as intervenções sejam limitadas para atender às condições de mercado desordenadas.

Na avaliação dos diretores, o setor financeiro continua firme. Para tornar o sistema mais robusto, eles encorajaram fortalecimento adicional de redes de segurança através de arcabouço de monitoramento e administração de crises. Para eles, é necessário continuar a vigilância e acompanhamento de perto da saúde do setor corporativo e seus impactos no sistema bancário.

Os diretores ressaltaram ainda que “são essenciais para elevar o crescimento no longo prazo ambiciosas reformas estruturais, incluindo nas áreas tributária, mercado de trabalho e infraestrutura”. Eles também enfatizaram a importância de reformas na área do comércio internacional para elevar a competitividade e eficiência.

Os dirigentes notaram também “os esforços em andamento para combate à corrupção” e ressaltaram que uma “forte ação contínua para melhorar a governança, elevar a transparência e fortalecer arcabouços institucionais serão fundamentais” para assegurar um “robusto crescimento duradouro e inclusivo”.