A Argentina tornou-se na sexta-feira o primeiro país a ser sancionado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na história do organismo financeiro. A diretoria do Fundo emitiu uma moção de censura por causa da maquiagem dos índices estatísticos oficiais, especialmente os números sobre a inflação, elaborados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), organismo sob intervenção federal desde janeiro de 2007.
As regras do FMI estipulam, em seu artigo n.º 8, que todos os países devem apresentar estatísticas confiáveis. Segundo a diretoria do Fundo, o governo da presidente Cristina Kirchner “não fez o suficiente” para melhorar as condições estatísticas.
A moção de censura constitui uma espécie de “cartão amarelo”, já que o Fundo exigiu que a Argentina reforme suas estatísticas antes de 29 de setembro. O caso argentino será novamente debatido em 13 de novembro.
Após a “moção de censura”, o FMI poderia aplicar contra a Argentina uma suspensão de sua capacidade de utilizar os recursos gerais do Fundo. Além disso, poderia suspender os direitos de votação da Argentina no Fundo, e, finalmente, a virtual expulsão.
Economistas, empresários, sindicalistas e associações de defesa dos direitos do consumidor criticam o índice oficial de inflação, que tem sido de um terço à metade do cálculo elaborado pelos economistas. A inflação de 2012, segundo o Indec, foi de 10,8%. Mas o cálculo de economistas independentes indica que a inflação do ano passado superou os 25%.
Tensão. A relação da Argentina com o Fundo teve um permanente estado de tensão desde a posse do presidente Néstor Kirchner em 2003. Com frequência Kirchner acusava o FMI de ter sido o responsável pela “decadência econômica” do país. Cristina, ao tomar posse em 2007, ensaiou em algumas ocasiões uma aproximação com o Fundo.
No entanto, seu governo alternou esses acenos ao FMI com duras críticas. Cristina sempre deixa claro que seu governo não aceitará as “receitas” do organismo internacional.
A Argentina é o único país do G-20 que não permite que o FMI faça revisões anuais sobre a economia nacional. Há cinco anos o organismo internacional não pode fazer as verificações obrigatórias sobre o país. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.