Brasília (AG) – O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Charles Collyns, destacou a capacidade de o Brasil cumprir a meta de superávit primário (receitas menos despesas, descontados os juros da dívida) mais rápido do que o previsto. Segundo Collyns, isso fortalece a posição do País no cenário internacional. “Isso é muito bom. O Brasil está conseguindo cumprir suas metas fiscais e excedê-las mais rápido do que o previsto. Isso ajuda o País a fortalecer sua posição”, afirmou Collyns, ontem.
O governo conseguiu cumprir com folga a meta de superávit para o setor público consolidado estabelecida no acordo do Brasil com o Fundo até setembro: R$ 56,9 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano, o superávit primário acumulado foi de R$ 69,7 bilhões. A meta para 2004 é de R$ 71,5 bilhões.
No segundo dia da visita da missão do FMI a Brasília, Collyns e os demais técnicos do fundo se reuniram com funcionários do Tesouro Nacional. Na última quarta-feira, o encontro foi no Banco Central. Segundo a assessoria do Ministério da Fazenda, a missão do FMI teve apenas reuniões técnicas. Não houve audiência com o ministro Antônio Palocci. Os funcionários do fundo também foram ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
A missão está no Brasil fazendo a nona revisão do acordo de ajuda financeira ao Brasil. O programa, que prevê um empréstimo de US$ 14,8 bilhões ao País, termina no início de 2005 e o ministro da Fazenda vem dando sinais de que não quer uma renovação. No entanto, a decisão final ainda não está tomada.
Segundo integrantes da área econômica, do ponto de vista técnico, a renovação do acordo é desnecessária porque a economia vai bem. Mas também existe um componente político que poderia resultar numa renovação por uma questão de segurança contra possíveis turbulências no mercado internacional que afetassem o Brasil.
O acordo com o FMI foi feito de forma preventiva e sem o objetivo de sacar o dinheiro. Até agora, o País não fez qualquer retirada a que teve direito durante as revisões feitas em 2004. Juntas, as parcelas somam US$ 5,2 bilhões. Se aprovada, a nona revisão dará ao País o direito de sacar mais uma parcela de US$ 1,3 bilhão prevista no acordo.