FMI de mau humor vai complicar para o Brasil

Washington

  – Uma fonte do Fundo Monetário Internacional (FMI) informou ontem que a negociação para um novo acordo com o Brasil vai ser longa, difícil e complicada. Segundo a equipe brasileira que está em Washington, as reuniões devem se prolongar até o fim de semana. Enquanto isso, no Brasil o dólar bateu o oitavo recorde consecutivo, apesar de o Banco Central ter gastado mais de US$ 300 milhões para segurar, sem sucesso, a moeda americana.

A missão brasileira que tenta negociar novo acordo com o FMI é composta pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Caramuru, e mais dois técnicos. Tensos, os integrantes da missão passaram a tarde na sede da instituição em Washington. Da rodada matinal de reuniões participou apenas o diretor de Política Econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Todos se recusaram a comentar o que está sendo conversado com os representantes do FMI e muito menos o novo recorde da cotação do dólar no Brasil, acima de R$ 3,50. Pela manhã, Goldfajn disse acreditar que o resultado das negociações acalmará o mercado financeiro. “Estou confiante, é por isso que a gente está aqui, disse ele a respeito das possibilidade de um novo acordo ou extensão do atual”. A expectativa de técnicos do FMI é de que as negociações se prolonguem até o fim de semana.

O dólar comercial encerrou o mês de julho registrando seu oitavo recorde consecutivo no Plano Real. A moeda americana fechou a quarta-feira em alta de 5,15%, cotada a R$ 3,46 na compra e R$ 3,47 na venda. Com esse resultado, a moeda americana termina o mês com uma alta acumulada de 23,05%. No ano, a valorização do dólar frente ao real chega a 49,96%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta de 4,5%, com o Índice Bovespa em 9.762 pontos. O volume financeiro foi de R$ 787,8 milhões. É a terceira alta consecutiva da bolsa paulista, que se recupera mesmo diante da turbulência no mercado de câmbio e nas bolsas americanas.

A alta da moeda americana não foi maior porque o Banco Central foi bem mais agressivo em suas intervenções, vendendo grande quantidade de dólares às mesas de câmbio dos bancos. Mais de US$ 200 milhões foram vendidos diretamente às instituições, a maior parte pela manhã. O BC também comprou aproximadamente US$ 100 milhões em C-Bonds no início dos negócios, o que garantiu a valorização do título e a queda do risco-país brasileiro durante todo o dia, o que fez o BC retirar US$ 344 milhões das reservas internacionais.

O avanço do dólar foi atribuído ainda à demanda das empresas que têm dívidas a pagar no exterior. Com a escassez de linhas de crédito no exterior, muitas delas se vêm obrigadas a honrar os débitos, em vez de promover sua rolagem. Também há um movimento de antecipação de dívidas que vencem no futuro, mediante descontos oferecidos pelos credores.

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