FMI aprova acordo, mas País continua vulnerável

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, disse, ontem, que o governo brasileiro está ciente de que ?apesar dos sucessos recentes, o Brasil continua vulnerável à mudanças negativas no sentimento do mercado?.

E por isso mesmo, segundo ele, o País está comprometido a manter em 2004 uma política econômica ?que continuará progredindo em sua forma de encarar o centro das vulnerabilidades, tais como a necessidade de tomar grandes empréstimos externos, e as relativamente baixas reservas líquidas, que hoje são de US$ 17 bilhões?.
 
Köhler elogiou essa atitude das autoridades brasileiras ao confirmar – através de um longo comunicado – que o FMI aprovara, na última sexta-feira, uma extensão por 15 meses do acordo que vence neste mês, além de um crédito adicional de US$ 6 bilhões. Esse valor será somado a uma parcela de US$ 8,2 bilhões do programa vigente, que está à disposição do País para saque imediato – mas que, segundo já adiantou o governo, não deverá ser retirada devido à melhoria do balanço de pagamentos do Brasil.

?A intenção manifestada pelas autoridades de tratar esse acordo como uma medida de precaução, já que não há necessidade de um balanço de pagamentos, é bem-vinda? – disse Köhler no comunicado emitido ontem. E acrescentou: ?O Brasil avançou muito desde a volatilidade do mercado financeiro no ano passado. A resposta do novo governo às pressões financeiras foram tão ambiciosas quanto corajosas, equilibrando a disciplina das políticas fiscal e monetária com a busca resoluta de metas sociais vitais pra aliviar a pobreza e fortalecer a rede de segurança social.?

Köhler mais uma vez classificou o desempenho do Brasil como exemplar, destacando que todas as metas prometidas ao FMI foram cumpridas durante o acordo atual (iniciado em setembro de 2002). Esse, segundo ele, foi o principal motivo para que o Fundo aceitasse extender o atual programa com o Brasil, e que concordasse também em adiar para 2005 e 2006 o pagamento de um total de US$ 5,8 bilhões que o País deveria fazer à instituição em 2004, referentes a antigos empréstimos.

Depois de realçar que ?o governo, desde o início, deu um difícil passo político em busca da aprovação de medidas estruturais – incluindo as reformas da seguridade social e tributária – que vão aprofundar as fundações para um crescimento sustentável e equitativo da produção e do emprego?, o executivo do FMI disse estar confiante de que ?políticas monetárias e fiscais prudentes permanecerão como o centro do acordo com o Fundo? e que, ao mesmo tempo, haverá apoio a gastos essenciais para ajudar a alcançar os objetivos sociais do governo.

 ?Garantir que todos os membros da sociedade brasileira participem do vasto potencial do País será o principal desafio do governo nos próximos anos?, lembrou Köhler, acrescentando que o Fundo classifica ?os esforços do governo para colocar o Brasil firmemente no caminho do crescimento sustentável com eqüidade melhorada?, como um componente importante da estratégia nacional para não mais depender de ajuda financeira o FMI.

De acordo com um documento que a equipe técnica do Fundo anexou ao comunicado de Köhler, as previsões dessa instituição coincidem com as do governo brasileiro: a economia neste ano não deverá crescer mais do que 0,6% ?devido à uma lenta arrancada?, mas chegará a 3,5% em 2004 ?com o sólido crescimento do consumo e dos investimentos?. Segundo o FMI, o orçamento do próximo ano ?é consistente com a meta de superávit primário de 4,25% do PIB (produto interno bruto)?.

A nota de Kölher destacou também que o governo pretende reduzir a vulnerabilide do País a súbitas mudanças do mercado através de uma estratégia para reduzir o peso da sua dívida interna. ?Detalhes do plano de administração da dívida pública para 2004 ainda estão sendo finalizados, e serão publicados em janeiro. As metas gerais das autoridades serão idênticas as de 2003: reduzir mais a parcela da dívida que está indexada à taxa de cambio ou que tem taxas flutuantes e, ao mesmo tempo, aumentar a parcela da dívida em taxas fixas ou ligadas à inflação.?

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