O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que o sistema bancário da China apresenta vulnerabilidades crescentes, que poderão afetar a expansão do país no futuro caso não sejam enfrentadas com reformas que levem à gradual liberalização dos juros e do câmbio e reduzam a influência governamental nas decisões sobre empréstimos.
“A atual configuração das políticas financeiras estimula alta taxa de poupança, elevados níveis de liquidez e um grande risco de má alocação de capital e formação de bolhas, especialmente no setor imobiliário”, avaliou o Fundo em seu primeiro relatório sobre o sistema financeiro da China, realizado em parceria com o Banco Mundial.
O estudo foi divulgado no momento em que analistas manifestam preocupação com a provável elevação no volume de créditos podres nos balanços dos bancos chineses, em consequência da explosão de financiamentos registrada desde 2009.
O aumento dos empréstimos foi o principal combustível para os investimentos que garantiram taxas de crescimento de 9,2% e 10,4% em 2009 e 2010, respectivamente, em meio à estagnação dos países ricos.
Testes de estresse conduzidos nos 17 maiores bancos chineses pelo FMI concluíram que as instituições poderiam resistir a choques isolados, como deterioração no valor de ativos, correção no mercado imobiliário e mudanças no câmbio. “No entanto, se vários desses riscos ocorrerem ao mesmo tempo, o sistema bancário poderia ser afetado de maneira severa.”
O Fundo ressaltou que uma “avaliação completa” da extensão dos riscos e dos impactos sobre o sistema foi dificultada por lacunas nos dados, ausência de séries longas de estatísticas relevantes, fragilidade da infraestrutura de informação e restrição no acesso a dados confidenciais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.