Ao tratar da questão dos déficits em várias economias do mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) observa que o tamanho e o timing dos ajustes nos próximos anos não são uniformes e reconhece que para alguns países eles poderão ser mais dolorosos. “Os aspectos dolorosos dos ajustes externos se ampliam se a economia tem restrições na política monetária ou no câmbio”, diz o FMI, em relatório divulgado hoje. Segundo a instituição, no caso dos países onde as taxas de juros não podem cair, ou porque já estão em zero ou muito próximas a zero, as autoridades devem esperar “um caminho longo e tortuoso pela frente”.
“Nesses casos, o ajuste externo ainda ocorre, mas em um contexto de contração maior da atividade econômica, porque a autoridade monetária não pode amenizar o golpe”, avalia o relatório. A maior parte das economias avançadas está hoje nessa situação de juros muito baixos ou perto de zero, como os Estados Unidos, o Japão e o Reino Unido.
O FMI afirma que isso acaba resultando em um declínio maior das importações e existe uma depreciação da moeda. “Esse é o tipo de ajuste que se espera em algumas economias na zona do euro”, observa o FMI. De acordo com análise do Fundo, uma consolidação fiscal tem efeito de contração na atividade econômica. Um aperto fiscal equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (FMI) reduz a produção real do país em 0,6% do PIB em dois anos. E a demanda doméstica contrai mais de 1% em dois anos, o que tende a melhorar o balanço da conta corrente por meio de menor demanda de importação e de investimento doméstico.