O novo diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) não será alemão e deve ser escolhido no encontro dos dias 3 e 4 de abril pelos ministros das Finanças da União Européia, segundo informaram os governos belga e irlandês nesta terça-feira. Segundo o ministro das Finanças irlandês, Charlie McCreevy, houve uma breve discussão sobre a renúncia de Horst Kochler. A União Européia deverá propor o nome do candidato ao cargo de chefia do FMI, de acordo com o ministro belga Didier Reynders.
Reynders afirmou ainda que o candidato não será alemão, nacionalidade do ex-chefe do FMI. Ele sinalizou simpatia à escolha do ministro da Economia da Espanha, Rodrigo Rato. “É um excelente colega”, disse o belga. Mas reiterou que o compatriota Peter Praet, candidato belga para suceder Eugenio Solans na diretoria executiva do BCE (Banco Central Europeu) seria também outra excelente escolha.
Praet tem o apoio dos países do Benelux – Bélgica, Holanda e Luxemburgo -, mas as demais nações européias não expressaram formalmente sua visão.
Horst Kochler renunciou ao cargo na semana passada para concorrer à presidência da Alemanha. Tradicionalmente, o posto de chefia do FMI é ocupado por um europeu.
Devedores
Os países em desenvolvimento querem uma chance para chefiar o FMI após seis décadas de controle europeu na instituição. Esta é a afirmação do diretor do GX (integrado por países em desenvolvimento agrupados nas negociações da OMC), Ariel Buira. Buira é ex-economista do FMI e membro da diretoria do Banco do México.
O posto mais importante do FMI é ocupado por europeus desde 1946. Os outros sete diretores da instituição vieram da Bélgica, França, Holanda e Suíça.
A indicação de Kochler ao FMI em 2000 aconteceu depois de quatro meses de negociações difíceis entre as maiores potências do mundo.
Segundo Buira, os países em desenvolvimento são deixados de lado injustamente. Quase metade do poder de voto do FMI fica nas mãos de sete países – Estados Unidos, Japão, França, Inglaterra, Arábia Saudita, Alemanha e Rússia.
“Estamos procurando um procedimento transparente que atraia os melhores candidatos, independente de sua nacionalidade”, disse Buira. E completou: “Se os melhores candidatos vierem de países em desenvolvimento, tudo bem. Mas o processo de seleção deve ser aberto e objetivo, não um acordo de quarto escuro”, disse.
Para ele, países em desenvolvimento podem indicar candidatos altamente qualificados. Ele citou o ex-presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, o ex-presidente do México Ernesto Zedillo e o ex-ministro das Finanças da Índia Manmohan Singh.