O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou o Japão sobre a necessidade urgente de um ajuste fiscal, para lidar com o déficit e o endividamento públicos. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, o FMI diz que embora a economia do Japão esteja se recuperando, o ritmo deverá se desacelerar no segundo semestre. A expectativa do órgão é de que o PIB do Japão cresça 2,4% neste ano e 1,8% em 2011.
Segundo o FMI, a recessão global e a reação do Japão a ela levaram o déficit fiscal do país a 10,25% do PIB e a dívida pública líquida a 110% do PIB em 2009, entre as mais altas entre os países desenvolvidos. Para o FMI, a crise da dívida soberana da Europa colocou em destaque os riscos à perspectiva da economia japonesa e sua vulnerabilidade ao risco soberano, o que eleva a urgência de um ajuste fiscal com credibilidade.
“Reduzir a relação dívida/PIB vai exigir um ajuste grande e prolongado, que ganhará mais credibilidade com uma elevação rápida do imposto sobre consumo”, diz o relatório. O texto também diz que o período de recuperação é uma boa oportunidade para o Japão iniciar reformas críticas e que o governo do país deveria iniciar seu ajuste fiscal em abril de 2011, com uma elevação do imposto sobre consumo.
Para colocar a relação entre dívida pública líquida e PIB na via de uma redução, o Japão deveria mirar uma redução anual do déficit primário equivalente a 1% do PIB durante uma década, afirma o FMI, acrescentando que isso exigiria uma combinação de mais elevações de impostos, contenção de gastos e reforma dos benefícios sociais.
Embora o Conselho Executivo do FMI considere apropriada a atual posição da política monetária do banco central do Japão (BoJ), ele também encoraja a autoridade monetária a estar preparada para tomar medidas adicionais de afrouxamento, em face de uma recuperação que perca vigor ou de pressões deflacionárias mais fortes. O documento destaca que, tendo em vista a incerteza dos mercados, uma comunicação clara por parte do BoJ será crucial.
O FMI elogia a proposta de ajuste fiscal da coalizão governista, que reconhece como “um passo importante na direção do estabelecimento de uma via de ajuste para o médio prazo”, mas adverte que a proposta do governo, de um ajuste para 2020, é vulnerável a choques potenciais ao longo do tempo e não apresenta detalhes específicos de como obter receita de modo a alcançar aquela meta. Sem propostas específicas, como uma elevação do imposto sobre consumo dos atuais 5% para 15%, o plano não terá credibilidade, diz o FMI. As informações são da Dow Jones.