Os bancos no Brasil são pouco competitivos e funcionam como um oligopólio em que poucas instituições controlam o mercado. Essa é uma das principais conclusões de um relatório divulgado anteontem à noite pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) segundo o qual o sistema financeiro do País oferece pouco crédito e apresenta baixa eficiência.
O documento, escrito por Agnès Belaisch, técnica do Departamento do Hemisfério Ocidental do organismo, diz que o sistema bancário brasileiro deixa a desejar em relação à intermediação – atividade pela qual as instituições direcionam recursos de depósitos para empréstimos.
Segundo o documento, existem evidências “empíricas” de que “os bancos brasileiros se comportam de forma oligopolista”.
“A imagem que emerge no Brasil é de um sistema financeiro onde o papel tradicional de banco como intermediário de poupanças, coletando depósitos para estender o crédito, não predomina.”
A autora cita as brutais diferenças do Brasil em comparação a outros países. Mostra que o sistema financeiro brasileiro tem um percentual de ativos totais em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) de 77,1%, bem próximo ao dos Estados Unidos (77,3%). Mas, quando se trata de volume de crédito, o cenário é bem diferente: o percentual de empréstimos em relação ao PIB no Brasil é de 24,8%, contra 45,3% nos EUA.
Outro indicador negativo dos bancos brasileiros analisado por Belaisch é a baixa eficiência: apesar da alta lucratividade, as despesas operacionais equivalem a 90% da receita operacional, percentual 30% mais alto que a dos bancos de outros países latino-americanos. A Febraban não quis comentar o conteúdo do estudo.