Depois do aumento em dezembro, o fluxo de veículos pelas estradas com pedágios no País sofreu uma queda de 0,20% em janeiro, em termos dessazonalizados, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
O índice, que é calculado em parceria com a Tendências Consultoria Integrada, havia fechado dezembro com alta de 1,50% na comparação a novembro, livres das influências sazonais.
O fluxo dos veículos pesados, que reflete o desempenho da atividade industrial, cresceu 2,40% em janeiro depois de ter fechado o mês de dezembro estável. Esse comportamento dos veículos pesados, considerado o calendário da indústria, é normal.
O setor concentra seu esforço de produção entre setembro e novembro com vistas à formação dos estoques que são consumidos no final do ano e em dezembro promove uma redução em suas atividades.
Nos meses de janeiro, a indústria volta a produzir mais para recompor os estoques diminuídos com as vendas de fim de ano e, com isso, toda a cadeia produtiva acaba registrando bons resultados. Esse movimento justifica o comportamento do fluxo dos veículos pesados em dezembro e janeiro.
Contudo, o seu crescimento no primeiro mês de 2010 não teve força suficiente para impedir que o Índice ABCR agregado de janeiro fechasse em queda de 0,20%. Isso ocorre, segundo o economista da Tendências Bernardo Wjuniski, porque “os veículos leves têm um peso maior no índice agregado”.
Os veículos leves, na mesma comparação, registraram uma queda de 0,70% no seu fluxo depois de terem desenvolvido crescimento de 1,60% em dezembro. O comportamento dos leves está atrelado à renda e à disponibilidade de dinheiro das famílias.
Em dezembro, com mais recursos no bolso por conta do 13º salário e abonos que as empresas distribuem para seus funcionários aliados aos feriados de Natal, virada de ano e férias, é comum as praças de pedágios registrarem número maior de carros leves passeando pelas estradas.
Em janeiro, quando volta das férias, o turista acaba se deparando com contas e impostos para pagar e acaba reduzindo os gastos com viagens, o que justifica a queda do fluxo dos leves.
Além disso, afirma Wjuniski, “é possível que as chuvas de janeiro tenham afetado o fluxo de leves, principalmente em São Paulo, que veio com queda e puxou o índice como um todo para baixo.”
Na comparação com janeiro do ano passado, o índice total apresentou expansão de 7,1%. O fluxo de veículos pesados cresceu 13,3% e o de leves, 5,5%. No acumulado dos últimos 12 meses, o fluxo total teve expansão de 2,8%. O de leves cresceu 4,2% e o de pesados caiu 1,3%. Para Wjuniski, “isso mostra que o ano de crise não foi tão duro quanto parecia”.