A paralisação dos caminhoneiros, como não poderia deixar se ser, impactou intensamente o fluxo total de veículos pelas estradas pedagiadas do País. O índice ABCR que mede as passagens pelas praças de pedágio recuou 15% no mês passado comparativamente a abril, descontados os efeitos sazonais. As informações são da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e Tendências Consultoria Integrada.

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“A paralisação dos caminhoneiros, centrada entre os dias 21 e 30 de maio, foi o fator determinante para a queda acentuada do fluxo de veículos pedagiados em maio”, explica Thiago Xavier, analista da Tendências Consultoria. Segundo o economista, o índice de fluxo total apresentou a maior contração na passagem de mês em toda a série histórica, iniciada em janeiro de 1999.

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Na mesma base de comparação, o índice de fluxo pedagiado de veículos leves apresentou redução de 11,4%, enquanto o de pesados contraiu 27,7%, ambos em relação a abril.

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“Ao examinarmos o desempenho do fluxo de pedágios segundo veículos leves e pesados, nota-se que o impacto foi diferenciado entre os indicadores”, comenta Xavier. “Enquanto o índice de pesados foi afetado mais diretamente e em maior magnitude devido à paralisação generalizada dos caminhoneiros nas principais rodovias do país; o índice de leves foi afetado indiretamente e com menor impacto, visto que a escassez de combustíveis e a obstrução de algumas vias limitaram parcialmente as possibilidades de circulação dos veículos de passeio, sobretudo, nos dias centrais da greve”, analisa Xavier.

Na visão da Tendências Consultoria, tal evento reduziu sensivelmente os ganhos dos indicadores de fluxo adquiridos nos últimos meses, o que tornou negativa as variações anuais acumuladas até aqui (janeiro a maio de 2018 em relação a janeiro a maio de 2017) do índice total e de suas aberturas (leves e pesados), sendo ainda mais acentuada no caso de pesados. No acumulado do ano, o fluxo pedagiado total acumula variação negativa de 1%. Na mesma métrica até abril a alta era de 2,0%. Também nessa métrica, o fluxo pedagiado de veículos leves acumula contração de 0,9% enquanto o fluxo de pesados acumula redução mais intensa de 1,4%. Até abril eles acumulavam expansão de 1,2% e 4,8%, respectivamente.

Por outro lado, segundo Xavier, como o total de veículos que trafega nas rodovias está relacionado ao número de dias úteis do mês, a maior quantidade em maio deste ano em relação ao ano passado contribuiu para suavizar a queda do fluxo total de veículos. Isso ocorreu porque a perda de aproximadamente nove dias de atividade foi relativizada entre os demais dias do mês, o que deixa a subutilização ocorrida nos dias de paralisação em maio de 2018 relativamente menor.

“De toda forma, os últimos resultados contrariam a trajetória de recuperação do índice observada desde fins de 2016, quando emitiram sinais predominantes de gradual crescimento”, diz Xavier. “Porém, o impacto negativo trazido ao mês deve ser parcialmente recuperado ao longo dos próximos meses, mesmo que alguma parte das perdas não seja revertida”, disse.

Ainda de acordo com a ABCR, o fluxo total de veículos recuou 13,4% em maio em relação ao mesmo mês do ano passado. O fluxo de veículos leves caiu 9,8% em maio na comparação com maio de 2017 e o movimento dos pesados recuou 23,8% em maio ante mesmo mês em 2017.

A circulação total de veículos nas estradas nos últimos 12 meses até maio avançou 1,7%. O de leves cresceu 1,8% e o de pesados avançou 1,6% no acumulado de 12 meses até maio.