A Fitch Ratings rebaixou a perspectiva do rating de longo prazo da Rússia para negativa, de estável, apesar de reafirmar a nota BBB do país. A agência de classificação de risco esclareceu que a revisão ocorreu antes do previsto – a revisão estava programada para 25 de julho – por causa das significativas mudanças no cenário geopolítico.
A revisão “reflete o potencial impacto das sanções sobre a economia russa e o ambiente empresarial”, explicou a Fitch Ratings. “Uma vez que os bancos dos EUA, da europa e os investidores podem se tornar relutantes em emprestar para a Rússia nas atuais circunstâncias, a economia pode desacelerar ainda mais e o setor privado pode necessitar de ajuda oficial”, escreveu a agência, em comunicado.
A Rússia enfrentou nesta semana uma série de sanções como consequência à decisão de anexar a região ucraniana da Crimeia. EUA e Europa anunciaram congelamento de ativos e proibição de viagens para uma lista de indivíduos da Ucrânia e da Rússia que contribuíram para a escalada das tensões, e alertaram que poderão intensificar as sanções.
“O impacto direto das sanções anunciadas até o momento é mínimo, mas a incorporação da Crimeia na Federação Russa provavelmente levará os EUA e a Europa a ampliarem as sanções”, afirmou a Fitch Ratings. Eles também lembraram que os investidores estrangeiros podem antecipar esses riscos e limitar o acesso das entidades russas ao financiamento externo. No pior cenário, os EUA podem impedir instituições financeiras estrangeiras de realizarem negócios com bancos e empresas da Rússia, afirmou a Fitch.
Mesmo assim, um hiato no acesso ao mercado externo é gerenciável. Citando dados do Banco Central da Rússia, a Fitch afirmou que o setor corporativo deve pagar US$ 67 bilhões entre março e dezembro e que o setor bancário deve desembolsar US$ 36 bilhões. Para isso, as autoridades poderão utilizar as amplas reservas cambiais para fornecer liquidez.
A agência de classificação de risco também lembrou que o atual clima para o crescimento econômico é negativo, em um país que já enfrentou um 2013 de desaceleração, com um crescimento de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB). A Fitch anunciou que revisou as projeções do PIB de 2014 e 2015 para um avanço de menos de 1% e de 2%, respectivamente.