São Paulo – A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota do Brasil de BBB- para BB+, o que deixa o País agora a apenas um grau do chamado ?grau de investimento?. Segundo a Fitch, a elevação reflete as melhorias significativas da balança de pagamentos externa brasileira, com base nas políticas macroeconômicas estáveis e um aumento da poupança doméstica.
?O acúmulo de reservas internacionais -US$ 36 bilhões somente desde o começo do ano – ressalta o contínuo fortalecimento da balança de pagamentos externa e a resiliência aos choques externos?, afirmou a diretora do Fitch?s Sovereign Group, Shelly Shetty. O País já possui US$ 122 bilhões de reservas internacionais e deve superar US$ 130 bilhões até o fim do ano, o equivalente a 150% do passivo da dívida externa líquida de curto prazo.
A agência afirma que a nota do Brasil continua limitada pelo pesado encargo da dívida do governo e o substancial risco de mercado por causa do vencimento relativamente curto dos títulos da dívida. O encargo da dívida do Brasil continua pesado comparado com o de outros países com nota BB e BBB, diz a agência. Além disso, o governo fez pouco progresso para alongar o vencimento da dívida doméstica, o que significa que suas necessidades de financiamento (vencimento da dívida mais déficit orçamentário) continuam acima de 20% do PIB, um dos mais elevados entre países com a mesma nota do Brasil, diz a Fitch.
?Uma melhora na qualidade de crédito do Brasil exigirá maior confiança em que a dívida pública está em declínio sustentado no médio prazo?, diz a agência. Com a taxa de juro ainda em elevados dois dígitos e o crescimento médio do PIB ficando em apenas 3% nos últimos cinco anos, as dinâmicas da dívida pública continuam vulneráveis a choques adversos?, afirma no comunicado Shelly Shetty, diretor sênior do grupo soberano da Fitch.
Revisão do PIB
No comunicado em que elevou a nota do Brasil, a Fitch afirmou que a recente revisão em alta do PIB brasileiro contribuiu para diminuir a dívida do governo para 67% do PIB em 2006, de 75% informado anteriormente. ?A carga mais baixa da dívida pública, combinada com o crescimento potencialmente maior, tem ajudado modestamente a dinâmica da dívida brasileira, e a Fitch espera que a dívida do governo brasileiro caia para 64,5% do PIB em 2010, abaixo dos 67% em 2006?, diz o texto.
Atração de mais dólares é o preço do sucesso
Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Ministro Guido Mantega: avaliação vai trazer mais dólares. |
Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou de ?preço do sucesso? a possibilidade de maior fluxo de dólares ingressando no País, derrubando ainda mais a taxa de câmbio, com a elevação da nota de risco do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch. ?É o chamado preço do sucesso. Aquela situação em que você ganhava R$ 15 mil por mês e, com um aumento, passa a ganhar R$ 25 mil e aí tem a preocupação do que fazer com os R$ 10 mil que está ganhando a mais.
A taxa de câmbio está em torno de R$ 2,02 por dólar, o nível mais baixo desde fevereiro de 2001. Para o ministro, este tipo de problema ?é inevitável? porque o Brasil tem hoje uma economia mais sólida, que atrai a atenção dos investidores. Mantega disse que este fenômeno não é só da economia brasileira, mas de um quadro econômico-financeiro vivido por vários países do mundo. ?O que está ocorrendo é uma desvalorização do dólar e uma valorização da maioria das moedas. Nós até que estamos conseguindo manter uma certa estabilidade cambial, apesar do grande fluxo de moeda estrangeira que corre para o País?, disse.
Ele destacou que há uma grande diferença entre o fluxo estrangeiro que entra hoje no Brasil e no passado. Na sua avaliação, os ingressos no passado eram capitais especulativos porque o País tinha uma economia frágil e os investidores corriam atrás de ganhar dinheiro fácil. ?Hoje, é diferente. Temos aumento do investimento estrangeiro direto, que é um aporte sólido de recursos que proporciona o crescimento do emprego e da renda?, disse o ministro em entrevista à imprensa, ontem.
Mantega disse ainda que este fluxo de capital externo é salutar e acrescentou que a valorização de outras moedas no mundo têm sido superior à do real. Segundo ele, nos últimos 12 meses o euro se valorizou mais do que a moeda brasileira, porque a economia européia está tendo desempenho favorável, atraindo mais investimentos. Já os Estados Unidos estão crescendo menos e, por isso, é normal, segundo ele, que os recursos procurem países mais atrativos.