O auditor da Receita Federal Rogério César Sasso, alvo da Operação Paraíso Fiscal, entregou-se à Justiça Federal. Ele estava foragido havia quase um ano, desde que o Tribunal Regional Federal da 3.ª Região cassou liminar e restaurou ordem de prisão preventiva decretada pela 2.ª Vara Criminal Federal em São Paulo.

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Acusado de integrar amplo esquema de corrupção na Delegacia do Fisco em Osasco, na Grande São Paulo, Sasso apresentou-se há duas semanas no plantão da 31.ª Delegacia de Polícia, em Vila Carrão, zona leste da Capital. Depois, foi removido para a Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, onde aguarda julgamento da ação penal.

O gesto de Sasso é estratégico. Se continuasse em fuga dificilmente teria êxito em pedido de revogação da prisão que sua defesa poderá apresentar. O processo contra o auditor envolve corrupção passiva, lavagem de dinheiro, advocacia administrativa, evasão de divisas, violação de sigilo funcional, usurpação de função pública e formação de quadrilha.

Sasso e outros quatro auditores – João Francisco Nogueira Eisenmann, José Cassoni Rodrigues, José Geraldo Martins Ferreira e Kazuko Tane – são suspeitos de causar prejuízos estimados em R$ 2 bilhões aos cofres públicos, entre 2001 e 2011.

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Apenas Sasso está preso. Todos os seus antigos colegas estão foragidos desde abril de 2012. A investigação mostra que o grupo de fiscais cobrava propina para não autuar grandes devedores e também para liberar créditos tributários. A cada golpe, a organização amealhava quantias de até R$ 600 mil, segundo a Polícia Federal.

A Paraíso Fiscal foi deflagrada em 2011 por uma força-tarefa da PF, Procuradoria da República e Corregedoria da Receita. A PF apurou que os auditores são donos de patrimônio excepcional, incompatível com seus rendimentos no exercício da função. Sasso é dono de pousadas no Morro de São Paulo avaliadas em R$ 30 milhões.

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No forro da residência de um auditor, no Condomínio Alphaville, a PF apreendeu R$ 2,5 milhões e US$ 2,5 milhões em dinheiro vivo. Na casa de outro fiscal foram encontrados R$ 814 mil e US$ 232 mil. Com um dos chefes de fiscalização da Delegacia de Osasco havia R$ 1 milhão e US$ 91 mil. Com um quarto auditor, R$ 530 mil e US$ 3 mil, além de pedras preciosas. Procurada, a defesa de Rogério Sasso não quis se manifestar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.