Os acordos coletivos de negociação salarial firmados em julho, com reajuste médio de 4,4%, não foram suficientes para repor a inflação de 9,3% acumulada em 12 meses, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Dessa forma, os trabalhadores brasileiros com carteira assinada tiveram, em termos reais, uma perda média de 4,9% em seus rendimentos, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “Mais uma vez, os trabalhadores não conseguiram repor a inflação passada”, diz o boletim.
Assim como no mês passado, em abril os salários já haviam encolhido 0,3%, descontada a inflação. Estes dois casos refletem, de um lado, a escalada do INPC, que passou de cerca de 6% para mais de 9% entre janeiro de julho deste ano. Por outro lado, os reajustes médios, que variavam entre 7% e 9% e garantiam a reposição da inflação, caíram quase pela metade no sétimo mês do ano, para 4,4%. Segundo a Fipe, este dado “mostra claramente que o cenário macroeconômico continua a pressionar para baixo o resultado das negociações coletivas”.
Setores
Na análise dos dados do sistema Mediador, do MTE, por setor de atividade, a Fipe detectou que aumentou o número de setores que passaram a registrar perda real nos rendimentos nos 12 meses encerrados em julho de 2015. Além do agronegócio da cana-de-açúcar (-0,36%), que já estava no negativo em junho, outros serviços (-0,20%), artefatos de borracha (-0,02%) e indústria cinematográfica e fotografia (-0,01%) engrossam a lista em julho. As empresas jornalísticas aparecem em seguida, com o menor ganho real no período, de apenas 0,09%.
Na ponta de cima da tabela, permanecem as mesmas cinco categorias que tiveram os maiores ganhos médios reais nos 12 meses encerrados em julho de 2015. Em primeiro lugar mais uma vez, os trabalhadores celetistas da administração pública tiveram aumento de 2,88%, já descontada a inflação. Em seguida, aparecem os segmentos de limpeza urbana e asseio (2,27%), estacionamentos e garagens (1,97%), bancos e serviços financeiros (1,77%) e condomínios e edifícios (1,64%).
No recorte geográfico, os cinco Estados com reajustes reais mais significativos nos 12 meses encerrados em julho são Ceará (1,25%), Alagoas (1,22%), São Paulo (1,15%), Paraná (1,13%) e Sergipe (1,13%). Em junho, esses mesmos Estados já ocupavam as cinco primeiras colocações, porém em posições diferentes. Já na ponta de baixo da tabela, mais uma vez reajustes médios impuseram perdas reais aos contratados com carteira assinada no Amapá (-0,20%) e no Acre (-0,18%). Em seguida, com os ganhos salariais menos expressivos no período estão Espírito Santo (0,15%), Goiás (0,36%) e Roraima (0,45%).