A despeito de considerar que a inflação da primeira quadrissemana de julho (últimos 30 dias terminados na segunda-feira, dia 7) ficou “baixa”, ao registrar 0,10% ante 0,04% do fechamento de junho, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o economista André Chagas, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), revisou para cima a projeção do dado do mês. Segundo ele, o IPC deve terminar julho em 0,26%, depois da previsão anterior de 0,22%, por causa do impacto esperado do reajuste médio de 18,06% nas tarifas residenciais da AES Eletropaulo, que passou a valer no dia 4. “Não fosse o aumento, o índice despencaria 0,08 ponto porcentual no fim do mês. Seria um índice bem mais contido”, contou.
A Fipe estima impacto total de 0,58 ponto porcentual no IPC índice, considerando uma variação de alta total de 16,60% para o item energia elétrica, que tem peso de quase 3,8% no índice cheio. “O efeito do reajuste da energia deve começar a aparecer com mais intensidade na terceira quadrissemana”, estimou, acrescentando que, no IPC de julho, o aumento deve ter influência positiva de 0,08 ponto porcentual, mas também são esperados impactos do reajuste até setembro.
A alta de 0,10% do IPC na primeira leitura de julho veio muito próxima da esperada pela Fipe, de elevação de 0,09%. De acordo com Chagas, os resultados dos grupos Habitação e Alimentação destoaram das suas projeções, quer eram de aumento de 0,21% e queda de 0,20%, respectivamente. As taxas efetivas, no entanto, ficaram em 0,27% (Habitação) e em baixa de 0,30% (Alimentação).
“É uma variação (de 0,10%) bem contida, de uma inflação baixa, mas com algumas variações interessantes, como no caso de Habitação e Alimentação”, disse, acrescentando que os alimentos seguem refletindo a moderação dos preços ao produtor, enquanto em Habitação houve avanço nos preços de equipamentos domésticos, como de televisores, em parte puxado pela Copa do Mundo.
“A elevação de 0,15% de Despesas Pessoais também escapou da nossa projeção de 0,06%, com influência importante de alta em bebidas”, disse Chagas.
De acordo com economista da Fipe, os grupos Habitação, Alimentação e Transportes serão os principais a puxar o IPC para cima no fim de julho. O primeiro, como já disse, irá sentir os efeitos do reajuste da Eletropaulo. Em relação à classe de despesa de alimentos, a expectativa é que o grupo continue reagindo aos efeitos de baixa do atacado nas próximas leituras, mas com uma queda menos intensa no fim de julho, de -0,06% ante -0,30% na primeira quadrissemana. Para Transportes, a previsão é de elevação de 0,22%, após 0,10% na primeira medição, devido à estimativa de quedas menos significativas do etanol. Para Habitação, a expectativa da Fipe é de inflação de 0,27%.
Chagas manteve a projeção de 5,50% para o IPC fechado de 2014, mas disse que a previsão tem viés de baixa, dado que as altas esperadas para o índice de outubro a dezembro deverão ser menores que as apuradas em igual período de 2013. “Os resultados elevados do ano passado vão sair. Pelo o que têm mostrado os preços livres, tem esse viés, a não ser que ocorra algum reajuste inesperado nos preços administrados”, justificou.