O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Rafael Costa Lima, deixou inalterada em 0,49% a projeção para a inflação de abril na capital paulista. Em entrevista concedida à Agência Estado na sede da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) nesta terça-feira, o economista explicou que a manutenção da estimativa reflete o cenário de inflação observado em São Paulo: de aceleração moderada e dentro da trajetória aguardada pelo instituto.
Mais cedo, a Fipe divulgou que o IPC subiu 0,24% na segunda quadrissemana de abril. O resultado foi 0,10 ponto porcentual maior do que o da primeira leitura do mês, de 0,14%, mas ficou praticamente em linha com a estimativa de Costa Lima, que era de 0,25% para o período. O número também ficou dentro das expectativas de economistas do mercado financeiro consultados pelo AE Projeções, que sinalizavam inflação de 0,14% a 0,30% para a segunda quadrissemana do mês.
“A inflação subiu dentro do esperado. Acertamos quase na mosca”, comentou o coordenador do IPC. “O cenário foi o que imaginávamos e os preços não tiveram grandes mudanças nos principais grupos”, acrescentou, referindo-se especialmente à Alimentação, que saiu de uma alta de 0,46% para elevação de 0,44% entre a primeira e a segunda quadrissemanas de abril, e à Habitação, cuja variação negativa passou de 0,12% para 0,03% no mesmo comparativo.
Para Costa Lima, a história da inflação que será contada no mês de abril ainda terá como atores principais os grupos Despesas Pessoais e Saúde, com influências diretas dos reajustes recentes nos preços dos cigarros e dos remédios. Em Despesas Pessoais, por sinal, já houve alteração importante na segunda quadrissemana, com o conjunto de preços subindo 0,50% ante recuo de 0,09% na primeira quadrissemana.
O cigarro, por sua vez, liderou o ranking de pressão de alta do IPC. Avançou 5,75% e respondeu por 0,07 ponto porcentual (28,15%) de toda a taxa de inflação paulistana.
Quanto à Saúde, o IPC captou uma alta de 0,51% para o grupo, que havia subido menos (0,36%) na quadrissemana anterior. Para Costa Lima, entretanto, o efeito do reajuste dos remédios deverá ser sentido mais para o final do mês, quando a alta da Saúde deverá chegar a 0,84%, conforme a projeção da Fipe. Para Despesas Pessoais, a previsão é de avanço de 1,73%.
A despeito da aceleração que a Fipe aguarda para o IPC em abril (para a terceira quadrissemana, o instituto prevê taxa de 0,37%), o coordenador do índice disse que o cenário para a inflação na capital paulista é de tranquilidade. “Mesmo com esta nossa projeção de 0,49% para o fechamento do mês, há muitos aumentos que são pontuais. Não dá para falarmos de uma mudança relevante na tendência de inflação.”