O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira, informou nesta segunda-feira, 5, que a previsão para o indicador fechado de novembro é de 0,36%, taxa inferior à de 0,48% em outubro, mas superior à de 0,29% do penúltimo mês de 2017. Na terceira quadrissemana de outubro, o IPC foi de 0,52%.
A despeito da aceleração do grupo Alimentação no fechamento de outubro, para 1,21%, de 0,08% em setembro e 1,12% na terceira quadrissemana, Moreira estima arrefecimento da taxa para 0,51% no fim do mês. Além disso, aguarda deflação de 0,07% em Habitação, por conta do alívio nos preços de energia elétrica, e desaceleração no ritmo de alta em Transportes para 0,47%. Em outubro, esta classe de despesa ficou em 0,54% na comparação com 0,72% na terceira quadrissemana e de 0,97% em setembro.
Só o aumento nos preços do tomate e da batata representou cerca de 43% da alta de 0,48% IPC em outubro. Conforme a Fipe, o tomate ficou 59,69% mais caro no fim do mês, após 36,21% na terceira leitura. Já a batata subiu 18,53% no período, mais intenso na comparação com o patamar anterior de 13,26%.
De acordo com a Fipe, o grupo Habitação foi um dos responsáveis pelo arrefecimento do IPC entre a terceira e quarta quadrissemana do mês, ao passar de 0,26% para 0,16%, com destaque para energia elétrica (de 1,59% para 1,08%).
Conforme Guilherme Moreira, os preços administrados têm pressionado a inflação. “Este vai ser o ano dos Administrados, principalmente energia elétrica e combustíveis”, afirmou. Segundo ele, as tarifas de energia elétrica já acumulam avanço de 15,08% no ano e expansão de 20,55% em 12 meses até outubro. Já a gasolina tem alta de 15,06% no ano e 22,53% em 12 meses. “É muito”, avalia.
Já com relação ao grupo Alimentação, o segmento de in natura, do qual tomate e batata fazem parte, houve aceleração na taxa de 4,19% na terceira leitura do mês para 6,45%. Conforme a Fipe, a categoria de alimentos industrializados desacelerou de 0,88% para 0,47%. Já os alimentos semielaborados passaram de alta de 0,05% para queda de 0,50% na mesma base de comparação. Vale lembrar que as categorias têm peso relevante.
“O principal fator de contribuição dos semielaborados veio dos derivados do leite, que tinham subido muito no ano e caíram um pouco, voltando ao padrão normal”, disse. Após apresentar elevação de 0,54% na terceira quadrissemana, essa categoria teve recuo de 0,41% no fim do mês passado. O principal destaque foi leite longa vida, que passou de declínio de 4,81% para 4,89%.
Moreira ressalta que mesmo com o impacto da greve dos caminhoneiros sobre os preços alimentícios, o quadro é tranquilo. Ele citou como exemplo o comportamento do grupo Alimentação, cuja alta em 12 meses até outubro é de 3,73% e de 4,11% no acumulado do ano. “Mesmo com o impacto da greve dos caminhoneiros sobre laticínios e carnes, os preços de Alimentos estão bem comportados”, afirmou.
A expectativa do coordenador é que preços de produtos que ficaram pressionados por conta da desvalorização cambial voltem a ficar mais favoráveis, caso dos alimentos derivados de trigo. No ano, exemplifica, massas acumulam alta de 11,26%, enquanto pão francês avançou 7,26% até o décimo mês de 2018. “Deve perder força agora, já que parece haver um movimento de estabilização do câmbio, após a definição política. São preços que devem voltar a se comportar de maneira mais previsível”, comentou.