A aceleração dos preços das carnes bovinas, que subiram 12,47% em novembro e puxaram o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) do mês para 0,68%, deve continuar a pressionar o indicador nas próximas divulgações. Após os dados do mês, o coordenador do IPC, Guilherme Moreira, revisou a projeção para a inflação na capital paulista em 2019, de 3,41% para 4,19%.
É a maior projeção da Fipe para a inflação do ano registrada em 2019. Antes, o pico das expectativas foi em maio, quando a instituição previa o IPC em 4,10% no fechamento do ano.
O resultado do IPC-Fipe de novembro surpreendeu para cima e ficou acima do teto das expectativas de 10 instituições do mercado financeiro ouvidas pelo Projeções Broadcast – no levantamento, o intervalo ia de 0,48% a 0,62%, com mediana de 0,57%.
Moreira classifica o avanço de preços das proteínas no mês como “surpreendentes”, ressaltando que, na ponta, as carnes bovinas já mostram variação de preços em torno de 20%.
“Realmente, é uma coisa que não estávamos habituados a ver”, diz o economista.
A expectativa é de que as proteínas continuem pressionando o IPC em dezembro, fazendo com que a taxa do mês fique em 0,74%, segundo a projeção da Fipe.
Mesmo assim, Moreira diz que espera enxergar uma desaceleração na variação das proteínas entre a segunda e a terceira quadrissemanas do próximo mês, mostrando algum alívio na pressão inflacionária. “Os preços não vão continuar subindo indefinidamente. Não é possível que isso se prolongue. Esperamos ver uma diminuição nesta contribuição, mas a dúvida é se as proteínas vão se acomodar em um patamar alto ou vão passar a ceder em algum momento”, afirma.
No acumulado do ano, as carnes bovinas acumulam variação de 14,5% no IPC, a maior da cadeia de proteínas. Mesmo assim, também têm variações expressivas a carne suína (16%) e as aves (11,88%).