A deflação dos alimentos in natura perdeu força na segunda leitura de maio na cidade de São Paulo, de 2,83% para 1,64%, e impulsionou a taxa do grupo Alimentação no período. A alta de 0,87% da classe de despesa na segunda quadrissemana do mês veio mais intensa que a de 0,72% esperada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Com a pressão mais significativa dos produtos in natura, o coordenador do IPC, Rafael Costa Lima, elevou a projeção para o grupo Alimentação no fechamento de maio, para 0,90%, contra previsão anterior de 0,65%. A estimativa para o IPC, no entanto, ficou mantida em 0,40%, devido a expectativas de taxas negativas ou menos elevadas de grupos como Habitação (previsão de baixa de 0,03%) e Transportes (0,02%) no fim do mês.
Na segunda quadrissemana do mês, o IPC, como divulgou a Fipe nesta segunda-feira, 19, desacelerou a 0,42%, ante 0,45% na anterior. O resultado ficou acima da mediana de 0,40% do levantamento do AE Projeções, mas dentro do intervalo das expectativas (de 0,35% a 0,45%). O número informado também veio maior que o esperado pela Fipe, de inflação de 0,41%.
Costa Lima explica que a tendência era de certa “normalização” nos preços in natura, mas essa expectativa pode ser postergada, dado que alguns itens estão indicando novas pressões. Ele, no entanto, prefere adotar cautela ao afirmar que o movimento pode não significar uma tendência, dado que se trata de um subgrupo com preços muito voláteis. “As frutas, embora em queda, diminuíram o ritmo, assim como os legumes”, afirmou.
Entre a primeira e a segunda quadrissemana de maio, as frutas passaram de baixa de 3,07% para 1,91%, enquanto os legumes foram de recuo de 8,32% para retração de 2,65%. “O motivo é o tomate, que já está subindo mais de 28% nas pesquisas de ponta (mais recentes). Ovos também estão em alta (3,08%)”, completou Costa Lima. Na segunda leitura do mês, o tomate teve alta de 1,21%.
Além da queda menos expressiva dos itens in natura entre a primeira e a segunda pesquisa, o subgrupo de Industrializados ainda permanece com variação forte (1,26%), alertou o economista da Fipe. “O grupo Alimentação desacelerou muito pouco na segunda quadrissemana. O panorama é de uma inflação ainda pressionada pelos industrializados, que pesam bastante. Praticamente todos os itens estão em alta. Parece que o efeito (de desaceleração) do atacado está chegando mais lentamente neste subgrupo”, disse Costa Lima, citando como exemplo as elevações dos derivados do leite (1,87%) e da carne (1,55%).
Os alimentos semielaborados apresentaram alta de 1,54% na segunda leitura do mês, ante 2,21%, puxados pelas carnes bovinas (0,45%), de frango (1,58%), pescados (3,45%), suínas (1,27%) e pelos cereais (1,98%).
Apesar da pressão menos intensa dos alimentos no atacado e em alguns casos até em queda, no IPC-Fipe alguns itens ainda figuraram entre as maiores altas na segunda quadrissemana do mês. Foram eles: leite longa vida (3,96%), batata (14,12%), pão francês (1,45%) e refeição fora do domicílio (0,95%).