O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Rafael Costa Lima, elevou de 0,49% para 0,50%, a estimativa para a taxa de inflação de abril na capital paulista. Em entrevista nesta quarta-feira, 09, ele disse que o leve ajuste para cima tem ligação com o comportamento resistente de alta nos preços do grupo Alimentação na primeira quadrissemana do mês. “É sinal de que há ainda fôlego nesta tendência de aumento no grupo”, comentou.
Nesta quarta-feira, a Fipe divulgou que o IPC apresentou taxa de 0,73% na primeira leitura de abril ante inflação de 0,74% no encerramento de março. A despeito desta leve desaceleração, o grupo Alimentação teve uma intensificação de alta, já que ela passou de 2,00% para 2,22% e respondeu sozinha por 0,50 ponto porcentual (69,56%) do resultado geral do indicador.
“Foi uma surpresa para cima, pois já contávamos com uma desaceleração na alta da Alimentação para este começo do mês”, disse Costa Lima, cuja projeção para a classe de despesa era de avanço de 1,98%. “De maneira diferente da que estávamos vendo, a parte de alimentos in natura está em desaceleração e, agora, os preços industrializados e semielaborados estão acelerando”, comentou.
Para o coordenador do IPC, o cenário só não foi pior na quadrissemana porque o grupo Habitação, que tem o maior peso dentro da inflação paulistana, apresentou deflação de 0,13%. A queda de preços, influenciada especialmente por recuos em preços de telefonia fixa e energia elétrica, foi mais intensa que a de 0,01% do fim de março e gerou um alívio de 0,04 ponto porcentual (-5,67%) no índice.
Costa Lima também avaliou que o grupo Saúde subiu menos (0,57%) do que a Fipe previa (0,69%). A variação, que já superou a de 0,50% do encerramento de março, poderia ter sido mais expressiva, se o grupo já tivesse captado de maneira mais intensa o reajuste esperado para o mês para os preços dos remédios. “Esperávamos uma pressão maior, mas muitas farmácias ainda não receberam as tabelas e, com isso, um impacto maior nestes valores deverá ser visto mais para a terceira quadrissemana”, afirmou.
Na abertura da projeção do IPC de abril por grupos, algumas das maiores mudanças foram vistas justamente em Alimentação e Saúde. Para o primeiro grupo, a estimativa da Fipe passou de alta 0,85% para 1,09%. Para o segundo, passou de variação de 1,46% para 1,44%.
Quanto às demais aberturas, a projeção para Habitação permaneceu em queda de 0,11%; a previsão para Transportes passou de alta de 0,52% para 0,42%; a estimativa para Despesas Pessoais passou de 0,80% para 0,65%; a de Vestuário passou de 0,60% para 0,45%; e a de Educação passou de 0,06% para 0,05%. “Está tudo muito concentrado em Alimentação mesmo”, disse o coordenador.
Se a taxa de 0,50% aguardada pela Fipe para o IPC geral de abril for confirmada, será bem maior do que a inflação de 0,28% do mesmo mês do ano passado. Para a segunda quadrissemana de abril de 2014, o instituto projeta taxa de 0,62%; para a terceira leitura do mês, prevê IPC de 0,54%.