O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Rafael Costa Lima, sinalizou nesta quarta-feira, 26, que deve ajustar para cima, em breve, sua expectativa de inflação de 5% acumulada para o índice no final de 2014. “Vamos esperar março e talvez abril, mas é provável haver uma revisão”, disse, em entrevista exclusiva na sede da Fipe para comentar o IPC de 0,76% da terceira quadrissemana de março.
Segundo Costa Lima, é elevada a chance de a expectativa do IPC para o final do ano subir, uma vez que, se confirmada sua estimativa de 0,71% para o indicador no fechamento de março, a taxa acumulada em 12 meses saltaria de 3,97% em fevereiro para 4,87% este mês. Portanto, bem perto da marca de 5%. “Provavelmente, a tendência de aceleração do IPC em 12 meses vai persistir até o final do ano”, disse. Isso porque meses de baixa inflação, ou até de deflação, em 2013 estão saindo do cálculo e dando lugar a taxas bem mais elevadas. Em março de 2013, por exemplo, o IPC havia sido negativo em 0,17%, refletindo a queda nos preços de energia elétrica autorizada pelo governo na época.
Se ratificada a previsão de IPC em 0,71% em março, também haverá expressiva aceleração da inflação acumulada no ano, passando de 1,46% para 2,18%. “Será um primeiro trimestre muito forte. Em 2013, o IPC do período foi de 1,20%”, afirmou Costa Lima.
E, para piorar, o mês de abril já tem algumas pressões encomendadas como o reajuste nos preços de medicamentos autorizado pelo governo a partir de 31 de março, que deve afetar a inflação do grupo Saúde. Essa perspectiva, somada à expectativa de manutenção dos preços de alimentação em níveis elevados – embora devam ter algum alívio ante março -, torna bastante provável que o IPC de abril fique acima da variação de 0,28% apurada em abril de 2013.
Outro fator de pressão sobre a atual projeção de 5% para o IPC de 2014 é um possível reajuste nos preços de combustíveis este ano, já sinalizado pela Petrobras. “Isso de certa forma já estava na conta, se for em torno de 4% como no ano passado. Aí não teria um impacto tão forte”, disse o coordenador. Caso contrário, seria um motivo adicional para o ajuste da projeção, comentou.