O novo movimento de alta do grupo Alimentação detectado recentemente pelos indicadores de inflação ao consumidor deve dificultar a missão do governo federal de cumprir a meta estipulada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A avaliação é do economista, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas, que, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, afirmou que ainda acredita no cumprimento da meta para 2014, mas analisou que as pressões dos preços de alimentos tendem a incomodar novamente.

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“Ainda tenho a expectativa de que é factível ficar abaixo do teto da meta este ano. No entanto, eu acho que o governo vai ter um certo trabalho nos próximos meses”, comentou Chagas. A meta perseguida pelo Banco Central pelo IPCA é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.

O IPCA acumulou entre janeiro e setembro uma alta de 4,61%. Nos últimos 12 meses até setembro, o indicador do IBGE atingiu o nível de 6,75%, o maior desde outubro de 2011, quando alcançou a marca de 6,97%.

A afirmação de Chagas foi realizada um dia após o conhecimento dos dados de setembro do IPCA e no mesmo dia no qual a Fipe divulgou o IPC da primeira quadrissemana de outubro. No período, o indicador paulistano registrou inflação de 0,32% ante uma taxa de 0,21% no encerramento de setembro.

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O grande destaque do IPC da primeira quadrissemana de outubro foi exatamente o grupo Alimentação, que subiu 1,11% (ante 0,72%) e respondeu por 0,25 ponto porcentual (80,32%) de toda a taxa de inflação do período. Para Chagas, o comportamento do grupo simplesmente está confirmando o que se esperava, após seguidas reduções.

Entre os destaques da Alimentação na primeira medição de outubro do IPC, o subgrupo Semielaborados subiu 2,90% contra avanço de 2,78% da leitura anterior e contou com as altas do frango (6,25%) e da carne bovina (3,80%) como principais elementos de pressão. Outro subgrupo que chamou a atenção foi o de Produtos In Natura, que apresentou variação positiva 0,69%, deixando o terreno negativo do fim de setembro, quando recuou 0,78%.

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A parte In Natura, por sinal, é a que desperta maiores dúvidas, sempre em virtude da tradicional volatilidade dos itens componentes. Na primeira quadrissemana, o destaque deste subgrupo foi o segmento de Frutas, cuja alta foi de 3,35% contra aumento anterior de 2,65%. Também as Verduras saíram de uma baixa de 0,61%, no fim de setembro, para um avanço de 1,61% no começo do mês seguinte.

Quanto aos Legumes, o cenário ainda é de quedas no IPC da Fipe, mas elas já começam a ficar menos intensas. Na primeira leitura de outubro, o segmento recuou 2,31% ante baixa de 5,44%.

Uma informação preocupante entre os Legumes está ligada a um item que atormentou os preços em 2013, o tomate, que tem um peso importante atualmente na inflação e que tem um preço que costuma ser facilmente influenciado pelas mudanças de clima. Segundo Chagas, o item já dá sinais de altas nos levantamentos mais recentes da Fipe que ainda serão incorporados ao IPC. Entre o fim de setembro e o começo de outubro, o tomate já passou de uma baixa de 10,09% para uma variação negativa de 5,21%.

Se, para o IPCA, Chagas vê aumento nas dificuldades para a taxa ficar abaixo do teto da meta, para o IPC-Fipe, as perspectivas são mais tranquilas. Ele continua trabalhando com uma projeção de taxa de 5,5%, com viés de baixa, enquanto o indicador acumulou na capital paulista uma alta de 3,79% entre janeiro e setembro e uma taxa de 5,45% no acumulado de 12 meses. Especificamente para o mês de outubro, o coordenador aguarda uma alta de 0,42%, inferior ao resultado efetivo de 0,48% do mesmo período do ano passado.