Fipe: Alimentação foi crucial para desaceleração do IPC

A desaceleração da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) entre maio e junho, de 0,25% para 0,04%, foi definida principalmente pela deflação de 0,37% dos preços do grupo Alimentação, que em maio haviam mostrado alta de 0,73%. A avaliação foi feita na manhã desta quarta-feira, 2, pelo coordenador do IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas. O IPC de junho ficou próximo da expectativa do coordenador, que era de 0,06%. “Alimentação foi a principal razão para que o IPC ficasse praticamente estável”, afirmou.

Dentro do grupo, houve queda ou desaceleração de alta em todos os subgrupos. “Houve peso grande (no IPC) da queda de 6,38% dos in natura e da trajetória dos semielaborados, que caíram 0,15% (+0,42% em maio)”, disse. Já os preços industrializados saíram de uma alta de 1,38% em maio para 1,18% em junho. “Finalmente, tem se confirmado o repasse do movimento dos in natura para os industrializados. Na última pesquisa de ponta (semanal), os industrializados estão subindo ainda menos, 0,75%”, afirmou Chagas, acrescentando que este quadro também é esperado para julho. Por outro lado, neste mês os in natura e semielaborados devem contribuir bem menos e levar o grupo para o campo positivo. A expectativa da Fipe é de inflação de 0,19% para Alimentação.

De acordo com o coordenador do IPC, outro grupo que ajudou a reduzir a inflação em junho foi Despesas Pessoais, que mostrou recuo de 0,12%, puxado pelas quedas de 5,66% e de 1,18% nos itens passagem aérea e viagem (excursão). “Isso vai perder força e vai pesar para Despesas Pessoais em julho”, disse, informando que espera inflação de 0,48% para esta classe de despesa.

Em Transportes, que caiu 0,03%, a principal razão para a queda continua sendo a deflação do etanol, de 4,08% em junho, ainda que menor do que a de 4,30% em maio. Já os grupos Vestuário (0,63%), Habitação (0,28%), Saúde (0,27%) e Educação (0,03%) foram os que apresentaram alta. “O grande vilão da inflação foi Vestuário, puxado pela alta de roupa feminina (0,67%), que representa quase 25% do grupo”, comentou Chagas. “Esperava que esse movimento de alta de Vestuário ocorresse entre o final de maio e o começo de junho, mas acabou se confirmando somente agora”, afirmou.

Em Habitação, Chagas afirmou que o destaque continua sendo o impacto benigno do item água e esgoto, que caiu 3,53%, liderando o ranking de queda dos itens com maior influência sobre o IPC, com -0,06 ponto porcentual. Conforme a Fipe, a redução nos níveis de consumo atinge 70% da amostra do IPC, sendo que, neste grupo, 50% obtiveram o desconto de 30% na tarifa concedido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “Isso deve se manter em julho”, disse Chagas.

Em contraponto ao item água e esgoto, ainda dentro de Habitação, vários produtos do subgrupo Equipamentos do Domicílio subiram, especialmente os de linha branca. Máquina de lavar roupa avançou 6,51%, ficando em segundo lugar no ranking dos maiores impactos de alta do IPC, atrás de café em pó (3,73%); geladeira teve alta de 2,12%. “Em julho, Habitação deve variar um pouco menos que 0,28%, mesmo com o reajuste nos preços do gás”, afirmou. A previsão da Fipe para o grupo é de alta de 0,14% em julho.

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