Financiamento da dívida precisa de US$ 14 bilhões

Foto: Agência Brasil

Carlos Kawall: Tesouro já fez compra antecipada de dólares.

O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, apresentou ontem uma tabela que indica uma necessidade líquida de dólares para o financiamento da dívida externa brasileira até 2008 de US$ 14,193 bilhões. Esse valor leva em conta os vencimentos da dívida mobiliária, dos empréstimos com organismos internacionais e credores privados.

O valor também considera uma estimativa de ingresso de novos empréstimos para projetos contratados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial (Bird) até 2008, instrumentos para financiar parte dessa dívida. Segundo Kawall, as estimativas de ingresso de recursos por meio de empréstimos de organismos internacionais é a mais precisa que pôde ser feita até este momento, porque ainda envolverá negociações e aprovação do Senado.

Segundo os dados apresentados, os vencimentos até 2008 somarão US$ 21,409 bilhões. Por outro lado, a previsão de entrada de recursos desses organismos é de US$ 7,215 bilhões. Para o final de 2006, os recursos para financiar a dívida já foram integralmente adquiridos. Ele informou que o Tesouro já fez uma compra antecipada de moedas, correspondentes ao valor de vencimentos entre agosto e dezembro de 2006, no valor de US$ 2,962 bilhões.

Ele também informou que as operações da dívida externa que foram feitas desde o ano passado, incluindo o programa de recompra, permitiram uma redução de US$ 4,958 bilhões da necessidade de pagamento de principal e juros da dívida externa mobiliária em 2007 e 2008. Com isso, a necessidade caiu de US$ 19,6 bilhões para US$ 14,642 bilhões.

Segundo Kawall, as operações desde o ano passado reduziram o estoque da dívida externa do governo federal em US$ 36,2 bilhões. Nessa conta, estão incluídos US$ 22,1 bilhões de dívidas pagas junto ao FMI e ao Clube de Paris (US$ 1,7 bilhão), além de US$ 14,1 bilhões de operações com dívida mobiliária.

Kawall destacou que a melhora na situação externa tem permitido essa operações e projetou que o superávit na balança comercial este ano deve ficar acima de US$ 45 bilhões. O secretário anunciou, em entrevista à imprensa, uma mudança na estratégia de financiamento da dívida externa no biênio 2007-2008. A partir de agora, o Tesouro não vai mais anunciar uma meta específica de captação em moeda estrangeira no mercado internacional.

Segundo explicou o secretário, a situação mais confortável das contas externas brasileiras permite que as emissões em moeda estrangeira tenham natureza qualitativa a partir de agora. Esta estratégia poderá incluir emissões em reais no mercado internacional, com o objetivo de construção de uma curva externa de juros em moeda local (reais).

O Tesouro explicou, em nota distribuída ontem pela manhã, que os dólares necessários para o pagamento da dívida externa serão adquiridos no mercado local de divisas ou, alternativamente, por meio de aquisição de reservas internacionais junto ao BC.

Crescimento do PIB mantido em 4%

Brasília (AE) – O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, afirmou que o crescimento da economia brasileira deve ficar próximo de 4% ou acima disso em 2006. Segundo ele, os dados da produção industrial colocaram um certo pessimismo nas previsões do mercado. Mas ele afirma acreditar que haverá uma recuperação. ?Reitero a projeção do ministro Guido Mantega (Fazenda), de que o crescimento ficará entre 4% e 4,5%?, disse.

O secretário do Tesouro também disse que neste momento não há necessidade de o Brasil fazer novas captações de recursos no mercado internacional. Segundo ele, o Tesouro estará atento para que, no melhor momento, dentro da estratégia de melhorar a curva de juros da dívida externa, realizar novas captações. Mas ele afirmou que, no limite, caso não haja boas oportunidades, não será feita nenhuma captação até 2008 para cobrir as necessidades de financiamento que somam US$ 14,193 bilhões.

Ele explicou que, se não houver captação, toda essa necessidade de financiamento será coberta por meio de compra de dólares no mercado brasileiro. Essas compras são pagas por meio de emissão de dívida interna ou utilizando o colchão do Tesouro Nacional. Kawall reiterou ainda que poderá ser feita emissão em reais no mercado externo, mas isso só ocorrerá, segundo ele, se atender à estratégia de alongar a curva de juros e não por necessidade.

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