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Rio (AG) – As financeiras acirraram a batalha para conquistar os consumidores neste fim de ano. E, nessa briga, vale tudo: prazos a perder de vista (em até 24 meses), prêmios, liberação da última prestação e até mesmo um serviço de entrega em domicílio, isto é, o cliente pede o empréstimo por telefone e recebe o dinheiro em casa, no mesmo dia. Mas tudo isso tem um preço. E alto: as taxas de juros cobradas no empréstimo pessoal estão nos níveis mais elevados dos últimos meses, chegando a 20% ao mês – um juro assustador de 791,6% ao ano, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

O segmento é a menina-dos-olhos de instituições como Citigroup – tradicionalmente um banco voltado para clientes de alta renda – e Itaú, que lançaram recentemente suas financeiras. Para o Unibanco, dono da Fininvest e da Creditec, com 15 milhões de clientes, a área é estratégica para o crescimento do banco.

"Somos agressivos na conquista desse mercado e vamos ficar ainda mais. Saímos de 110 lojas no início do ano para 250 até dezembro e, em 2005, teremos 400 pontos de distribuição", diz Raphael de Carvalho, diretor-geral de empresas de consumo do Unibanco.

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Esse é um segmento importante para o banco, que já representa 27,8% do resultado da instituição. As taxas cobradas variam de 5,9% a 12,9% ao mês e o pagamento pode ser feito em até 12 parcelas – prazo que deve aumentar em 2005. Segundo Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac, os juros médios praticados pelo setor estão em 12,16% ao mês.

Mas não é raro encontrar financeiras que praticam taxas de 20% mensais.

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Como o Unibanco, o Citigroup também não brinca em serviço. Garante oferecer taxas de, no máximo, 4,39% e pagamento em até 24 meses.

O Banco Arbi entrou com tudo neste segmento. A diferença, além das taxas mais competitivas – de 3% a 12% ao mês – e pagamento em até 13 vezes, é o chamado sistema de entrega em domicílio. O cliente liga para a central de atendimento, tem seu crédito aprovado por telefone e recebe os recursos em casa.

O serviço de entrega também é oferecido pela Creditec e pela Fininvest.

"Esse é um mar revolto, em que é preciso furar as ondas para pescar o cliente", filosofa Luís Fernando Pessoa, diretor do Arbi.

Segundo Carvalho, do Unibanco, as financeiras são vendedoras de sonhos: "Com o aumento da renda, atraímos clientes vendendo a antecipação de sonhos, como a reforma da casa e a compra do material de construção ou daquela viagem desejada."

As tentações parecem irresistíveis nas financeiras de lojas de roupas, eletrodomésticos e utilidades. No corre-corre de compras e na hora do aperto, o consumidor acaba se rendendo e contratando um empréstimo para pagar em dez ou 12 vezes. Se a prestação cabe no bolso, ele nem sempre percebe que enfrenta juros de 9% a 12,95% ao mês ou de até 331% ao ano.

O atrativo maior da Facilita, financeira das Lojas Americanas, é a liberação da última parcela para o cliente que paga em dia. Se o empréstimo for acertado para 12 meses, o pagamento pode ser feito em 11. Na Insinuante, a primeira prestação só é paga 30 dias depois e na Ibi, financeira da rede holandesa C&A, o consumidor ganha um cupom da sorte, que dá direito a sorteios de prêmios de até R$ 220 mil a cada três meses, pela Loteria Federal.

"Os juros cobrados pelas financeiras são absurdos. As ofertas sedutoras representam uma armadilha aos incautos", alertou Luís Carlos Ewald, economista e professor de Finanças da FGV.

Segundo ele, antes de qualquer tentativa de empréstimo em financeira, o consumidor deve recorrer aos bancos, que cobram taxas mais razoáveis para o crédito pessoal, entre 3,5% e 5% mensais. Outra alternativa é o empréstimo com desconto na folha de pagamento dos trabalhadores, oferecido por meio de acordo de empresas com sindicatos e bancos: pode ser pago em até 36 meses, com juros de 1,70% a 2,90% ao mês. Segundo Ewald, o cliente que precisar do empréstimo deve procurar prazos menores de pagamento. Quanto maior o número de parcelas, maior é o peso dos juros: "O ideal mesmo é não pegar empréstimo."