Fim do IOF freia depreciação do real, diz Barros

A decisão do governo anunciada na terça-feira, 4, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de reduzir de 6% para zero o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa tende a atenuar a depreciação do real, que vem seguindo um movimento global de fortalecimento do dólar frente à maioria das moedas. A avaliação é do diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, e consta de relatório que o banco enviou nesta quarta-feira, 5, a seus clientes. A medida, ressalta Barros, ocorre quase quatro anos após o governo ter resolvido taxar os investimentos estrangeiros em renda fixa.

O ministro Mantega, ao justificar a decisão, disse que estava retirando os obstáculos para o ingresso de capital estrangeiro para aplicações de renda fixa, que são sobretudo aplicações em títulos do Tesouro do Brasil. “No passado, tínhamos elevado este tributo, que era zero, para 6%, porque havia grande liquidez no mercado internacional, e essa liquidez ameaçava entrar fortemente no Brasil, atrapalhando nosso câmbio e nossas atividades”, afirmou o ministro. “Recentemente, eliminamos o IOF que havia sobre o mercado de renda variável, retiramos e esse mercado está normalizado. Agora observamos possibilidade de redução da liquidez externa, inclusive para o Brasil.”

Segundo o diretor do Bradesco, vale dizer que, além da influência vinda das expectativas relacionadas à retirada dos estímulos monetários por parte do Federal Reserve (Fed), a tendência de enfraquecimento da moeda brasileira tem sido impactada pela desaceleração em curso da China – que vem puxando os preços das commodities para baixo – e por fundamentos domésticos, como o aumento do déficit em transações correntes do balanço de pagamentos.

“Essa iniciativa é oportuna e, combinada ao ajuste da política monetária em curso, deve impactar de forma favorável a leitura dos agentes econômicos, sobretudo investidores estrangeiros, sobre a condução da política econômica no País, no sentido de menor intervencionismo”, avaliou Barros. “Vemos, portanto, essa medida como o início de uma possível releitura positiva do mercado sobre as oportunidades de investimentos no Brasil. Com isso, a tese da retomada do pragmatismo deve voltar a se propagar”, afirmou o economista.

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