A diretora do departamento de rating soberano da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, Lisa Schineller, afirmou que o fim da arrecadação da Contribuição sobre Movimentação Financeira (CPMF) não significa que haverá um atraso na conquista pelo Brasil do almejado grau de investimento. Em sua primeira entrevista para comentar a perda da arrecadação da CPMF pelo governo brasileiro, Lisa disse que a conquista do grau de investimento "depende da reação do governo e de como será o ajuste do Orçamento sem a CPMF".
"Em geral, o governo precisa continuar com uma política fiscal pragmática e prudente, que apóia uma queda da dívida ao longo do tempo", observou Lisa, de seu escritório em Nova York. Pela grade de rating da Standard & Poor’s, a classificação do País em moeda local já é grau de investimento, com nota BBB, enquanto o rating em moeda estrangeira é BB+, com as duas classificações em perspectiva positiva.
Para Schineller, existe alguns espaços para corte de gastos. "O nível de gasto aumentou e reduzi-lo depende não só da viabilidade de se cortar gastos mas também do esforço político de se cortar gastos. Grande parte do Orçamento é "não-discricionário, não são livres, mas há algumas opções".
Uma continuação do compromisso com o superávit primário é muito importante, destacou Lisa, prevendo que deve haver uma mistura de corte de gastos e, provavelmente, um aumento dos impostos. "Uma mistura é mais fácil de se incluir no Orçamento de 2008", disse.
Lisa observou que o alcance do grau de investimento depende das ações do governo, não só do central, mas também do local e das ações do Congresso. "Com algumas ações para reforçar o compromisso de queda da dívida, combinadas com outras coisas, como uma boa política pragmática, baixo nível de inflação e melhora de indicadores, o Brasil pode chegar a grau de investimento".