A rejeição do Senado ontem à prorrogação da CPMF tem uma lado positivo, de acordo com o sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. "Não ha dúvida de que é um momento de crise, mas é também uma oportunidade desde que o governo responda de forma adequada", afirmou. "Cabe ao governo fazer do limão uma limonada", disse.
Para ele, o adequado seria o governo reduzir os seus gastos e a carga tributária e manter o superávit primário (a economia para o pagamento de juros da dívida pública). Mas observa que isso "não é o que o governo tem sinalizado". De acordo com ele, as indicações por parte das autoridades federais são de aumento do gasto público e da carga tributária.
Ele criticou a CPMF, que considera ser um tributo distorcivo. "A receita já cresceu o suficiente para permitir a redução ou a eliminação deste imposto", disse Fraga em entrevista à imprensa no seminário Barreiras Microeconômicas ao Crescimento, promovido pela Fundação Getúlio Vargas, pelo Banco Mundial e pela Vale, no Rio.
Na opinião de Fraga, o pior que pode acontecer é o governo reagir à derrota no Senado diminuindo o superávit primário e aumentando impostos. "Na minha opinião, é muito cedo para pensa em reduzir o superávit primário", disse, referindo-se ao efeito que este superávit tem na redução da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). "Na Gávea, temos uma visão positiva da macroeconomia do Brasil, mas não exageradamente otimista, eufórica", afirmou.
O ex-presidente do BC acredita que o governo tentará aprovar a CPMF no Congresso de novo em janeiro de 2008, para ter parte da arrecadação do tributo no ano que vem. Considera possível e desejável que o governo ao menos sinalize com uma redução dos gastos públicos e do tributo em um prazo que, citou como exemplo pode ser de dois anos.