Agência da Caixa no centro de Curitiba. |
Apesar da tentativa de rapidez no atendimento, grandes filas se formaram nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil (BB) de Curitiba, ontem, no primeiro dia de trabalho após o final da paralisação dos bancários. Depois de 29 dias em greve, os funcionários retornaram aos bancos mesmo sem acordo entre a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Crédito (Contec). Desde o início do dia, centenas de pessoas foram até as agências para pagar contas atrasadas, receber seguro-desemprego e FGTS, acertar financiamento e obter informações sobre o bolsa-família, além de outros serviços.
O ponto de maior movimento na capital ocorreu na agência da CEF, na Praça Carlos Gomes. Até o final do expediente, perto das 16h, muitas pessoas ainda aguardavam pelo atendimento. Para contornar a grande demanda de serviços, a CEF começa a partir de hoje um atendimento diferenciado. Todas as 50 unidades de Curitiba e Região Metropolitana vão abrir mais cedo.
Os funcionários dos guichês atenderão os clientes das 9h às 16h. A medida deve durar até a próxima semana, período que os bancos acreditam que seja suficiente para o volume de atendimentos voltar ao normal. A agência da CEF da Praça Carlos Gomes abrirá hoje e segunda-feira a partir das 8h30. Caso o movimento não retorne ao normal, o horário será mantido durante toda a semana.
A artesã Zelândia da Silva, de 48 anos, já havia esperado duas horas na fila e, mesmo assim, não sabia se tinha direito a receber o bolsa-família. “Durante a greve fui em outras agências da CEF e não consegui nenhuma informação. Agora, tenho que aguardar bastante pelo atendimento”, lamentou.
A aposentada Clarinda Medeiros, de 60 anos, tinha chegado na agência às 12h, e depois das 16h ainda aguardava a devolução da diferença de quitação de seu financiamento. “Mesmo com o grande movimento, a preferência dos atendimentos deveria ser respeitada. Me disseram que, por enquanto, não será diferenciado”, reclamou.
No BB, apesar do intenso movimento, o horário de funcionamento não será estendido. De acordo com a assessoria do BB, em todas as agências da capital os atendimentos ocorreram normalmente. O auto-atendimento, os serviços prestados via internet e o gerenciador financeiro também contribuíram para que nenhum problema fosse registrado. Funcionários que executam serviços internos também participaram dos atendimentos.
Balanço
De acordo com a Federação dos Bancários do Paraná (Fetec-PR), apenas sete agências (uma em Cornélio Procópio e seis em Campo Mourão) continuavam fechadas ontem, no Paraná. Em Curitiba e Região Metropolitana, as 99 unidades da CEP e do BB funcionaram normalmente. Várias agências do interior, como Londrina, Paranavaí, Apucarana, Toledo, Umuarama, Ponta Grossa, Arapoti e Guarapuava também já voltaram a operar.
Os funcionários dos dois bancos no Paraná decidiram, em assembléia na quarta-feira à noite, voltar ao trabalho depois de mais uma fracassada tentativa de negociação no Tribunal Superior do Trabalho (TST). “Depois da audiência no TST, aos poucos a mobilização foi esvaziando e em quase todo o País os funcionários voltaram ao trabalho. Vários funcionários aqui do Paraná não acreditavam numa negociação favorável para a categoria”, disse a presidente do sindicato, Marisa Stédile.
Sem o acordo, o dissídio coletivo deve ser julgado na próxima quinta-feira. Nesse mesmo dia, deve ocorrer uma nova paralisação. “Ainda não sabemos qual será a posição da categoria com relação ao julgamento do dissídio. Se a decisão não for favorável, não sabemos o que será feito. Mudaram as regras do jogo, isso terá que ser analisado”, afirmou Marisa. (Rubens Chueire Júnior)
Termina paralisação nacional
Nas outras capitais, os bancários devem retornar ao trabalho nesta sexta-feira, depois de 30 dias de greve. A executiva da Confederação Nacional dos Bancários (CNB) orientou os bancários de todo o País que suspendam a paralisação – pelo menos até a próxima quarta-feira (20). Vagner Freitas, presidente da CNB e coordenador da Executiva Nacional dos Bancários, disse que essa decisão não marca o fim do movimento, mas pode facilitar a reabertura das negociações diante de tantas dificuldades. “Vamos quebrar essa intransigência dos bancos dialogando com a sociedade brasileira. O retorno ao trabalho não é o final da greve, e sim para reabrir as negociações”, afirmou.
Até o dia 20, a Executiva vai buscar a retomada das negociações com a Fenaban. Entre os objetivos da negociação está o não desconto dos dias parados, na folha de pagamento do dia 20. Segundo Freitas, a solução para a greve deve ser negociada e valer para toda a categoria e não apenas para uma parcela. Os bancários encaminharam ontem à Federação Nacional dos Bancos, à Caixa Econômica Federal (CEF) e ao Banco do Brasil (BB) uma carta pedindo a reabertura das negociações.