Contribuinte na fila de atendimento. |
Enfrentar filas já é um (mau) costume do brasileiro. Quem necessita de algum serviço de bancos ou órgão públicos precisa ter paciência – e tempo – até ser atendido. O campeão das reclamações nos últimos dias tem sido a Receita Federal, onde as pessoas chegam a ficar até uma hora na fila para pegar uma senha para atendimento, e depois mais tempo dentro da agência até resolver o problema.
“Eu acho lastimável essa situação. Às vezes quando temos pendências que não podem ser resolvidas pela internet, ficamos mais de três horas dentro do prédio para tentar encontrar uma solução”, afirma o advogado Jorge Marcelo Correa, que ontem ficou mais de meia hora na fila em frente à Receita Federal para conseguir uma senha para o atendimento. Ele comenta ainda que esse tempo que se perde esperando é um custo operacional que ninguém compensa.
A mesma reclamação fez o contador Vitório Bueno, que estava há quase uma hora na fila tentando entrar na agência. Ele queria fazer o parcelamento de uma dívida. “Eu acho um descaso com o contribuinte esse tempo da espera”, disse. O aposentado Ferdinando Mandato também enfrentou uma hora na fila, e quando chegou para ser atendido, foi informado que não estava com todos os documentos necessários. “Eles informam errado e a gente fica aqui perdendo tempo”, reclamou.
Informação
Erros de informação também são constantes no atendimento do serviço público, diz a secretária Anne Massa. “Várias vezes que precisei vir aqui, me passaram informações erradas e acabei perdendo tempo”, diz. Revoltada estava a pedagoga Silvia Cristina Trauczynski, que perdeu um dia de trabalho para tentar resolver uma cobrança de imposto de 1997 do pai, que já estava pago. Ela conta que sexta-feira passada, à tarde, foi até a agência central da Receita e não pôde ser atendida porque não tinha mais senha. Voltou na segunda-feira, e finalmente conseguiu a senha, e foi consultar a procuradoria geral. Depois de muita pesquisa descobriram que o imposto cobrado estava quitado, e o lançamento foi um erro.
Porém, para regularizar teria que apresentar uma série de documentos. Silvia acabou indo para a agência da Receita Federal no bairro no Portão, onde há menos demanda, porém recebeu informações erradas sobre o procedimento. “Fui atendida por alguém que era estagiário. Entre tantas atrapalhadas, disse que teria que trazer cópia do inventário do meu pai que tem cem cópias, trazer minha mãe para assinar papéis, ou contratar um advogado para entrar com uma ação. Ele estava completamente errado”, disse Silvia.
Explicações
O delegado substituto da delegacia da Receita Federal de Curitiba, Mauro Araújo Contatto, disse que, quando há alguma problema de informação equivocada, o contribuinte deve procurar a gerência para reclamar. Sobre o trabalho de estagiários, Contatto disse que todos recebem treinamento e estão aptos para prestar todas as informações. Quanto às filas, o delegado admitiu que elas existem, mas não chegam a ser um problema.
Ele garantiu que são atendidos no local uma média de setecentas pessoas por dia, que fazem até dois serviços dentro do órgão, e o tempo médio de espera é de 25 minutos. Ignorando que as reclamações das filas e mau atendimento não são recentes, Mauro Contatto afirmou que a demanda registrada ontem era um função da confusão que muitas pessoas fizeram para o parcelamento do Simples. “Houve uma divulgação errada que o prazo era até dia 29, e por isso muitas pessoas vieram até a Receita”, finalizou.