A participação da Indústria de Transformação deverá recuar mais uma vez em 2014, atingindo 12,6% (mesmo nível observado em 1954), segundo expectativa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgada na tarde desta quarta-feira, 20.

continua após a publicidade

O número representa uma queda de quase 50% em relação ao verificado em 1992, quando esse porcentual era de 24,8%. Na avaliação do diretor de Economia da entidade, Paulo Francini, o setor não deve retomar nunca mais essa participação de aproximadamente 25% na economia.

“Essa é a triste e trágica história da indústria no Brasil. E ainda tem panacas que dizem que isso é normal, é progresso”, afirmou Francini durante entrevista coletiva, ao comentar as projeções macroeconômicas da Fiesp para o segundo trimestre e para o ano fechado de 2014.

Para ele, a substituição da indústria em geral no Brasil pelo setor de serviços não foi boa, uma vez que o setor industrial não foi substituído por serviços de qualidade. “Minha tristeza não é dedicada aos empresários, é ao País, que perdeu essa capacidade de geração de riquezas”, afirmou.

continua após a publicidade

Francini defendeu ainda que o governo deve implantar medidas para frear essa queda – sem, no entanto, especificá-las durante sua fala – e só depois tentar recuperar o aumento na participação. Ele ponderou também que, neste ano, a indústria de transformação não terá grandes mudanças, em razão das eleições. “Existe uma imobilidade um pouco política. Qualquer coisa que for feita esse ano tem uma preocupação política”, disse.

Investimento

continua após a publicidade

Uma pesquisa da Fiesp divulgada nesta quarta revela que a intenção de investimento na indústria de transformação deverá cair 4,7% neste ano em relação a 2013. De acordo com o levantamento, 33,5% das empresas ouvidas afirmaram que não vão investir em 2014. No ano passado, esse porcentual era de 19,9%.

A pesquisa mostra que essa queda de investimento vai estar concentrada principalmente no segmento de Máquinas e Equipamentos (-7,2%), seguido pelas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (-1,9%) e Gestão (-1,4%). Apenas o setor de Inovação terá aumento, de 2,2% nos investimentos, de acordo com o levantamento da Fiesp.