O presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, disse hoje que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve o mérito de trazer para o consumo 55 milhões de novos consumidores, mas ressaltou que, como a economia não está bem “lá fora”, a questão dos importados se torna um risco iminente para a política econômica adotada. Ele participa hoje do 7º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
Steinbruch se referiu às turbulências internacionais como uma “crise serrote”, devido à “inconstância”, ao “sobe e desce lá de fora”. Ele afirmou ainda que seus comentários não são uma crítica ao governo, mas um apoio, e se referiu ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também participa do evento, como “sempre próximo”.
“Desenvolvemos um modelo brasileiro que, eventualmente, pode ser replicado em outros países: salário, com mais renda e mais crédito, que se tornam mais consumo. Acho que nunca estivemos tão bem. É a primeira vez, nos 40 anos em que trabalho, que vejo o Brasil crescer voltado para dentro”, disse o presidente em exercício da Fiesp.
Na avaliação de Steinbruch, os riscos desse modelo são a moeda valorizada, “que vai nos custar caro em algum momento”, os juros elevados, que fizeram com que muitos empregos deixassem de ser criados, e os “gastos públicos descontrolados”. “Estamos vivendo mais um modelo de desindustrialização que de industrialização”, afirmou, destacando o déficit na balança comercial de manufaturados. “Combustíveis, grãos e minério de ferro mascaram o resultado da balança”, disse.