Para pagar a conta do subsídio ao diesel concedido durante a greve dos caminhoneiros, o governo federal decidiu reduzir um benefício fiscal concedido a fabricantes de concentrado de refrigerantes sediadas na Zona Franca de Manaus. A medida acertou em cheio duas gigantes do setor, Coca-Cola e Ambev. Desde então, as empresas vêm pressionando o governo para retomar o benefício, chegando ao ponto, segundo reportagem de hoje da Folha de S. Paulo, de a Coca-Cola dizer que pode deixar Manaus e produzir em outro país (a empresa nega).
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O “bolsa-refrigerante” custa R$ 2,5 bilhões por ano e funciona da seguinte maneira: as fabricantes de concentrado ganham um crédito de IPI que é abatido de outros impostos, como o Imposto de Renda. A alíquota que gerava esse crédito era de 20% e o governo decidiu reduzi-la para 4%, diminuindo em 80% o valor do benefício. A estimativa da Receita Federal é que haja uma arrecadação extra de R$ 1,9 bilhão no ano que vem se a decisão for mantida.
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As grandes fabricantes partiram para uma negociação dura com o governo, envolvendo a bancada federal do Amazonas e cálculos das perdas que a decisão imporia à economia. Dizem, por exemplo, que o preço de seus produtos subiria 8% e que, por isso, haveria uma queda de R$ 6 bilhões no faturamento por causa da queda nas vendas, de 15%. Isso criaria uma ociosidade de 50% nas fábricas e a demissão de 15 mil pessoas. Esquecem de dizer que a grande maioria dos pequenos fabricantes de refrigerantes espalhados pelo país não contam com esse benefício.
Leia mais detalhes no blog do Guido Orgis, da Gazeta do Povo.
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a Coca-Cola disse que não tem planos de deixar o Brasil. “Reiteramos que a Coca-Cola Brasil não tem planos de deixar a Zona Franca de Manaus, de onde, há 28 anos, sai o concentrado utilizado na produção de várias de nossas bebidas pelas 36 fábricas instaladas no país. O nosso compromisso com o Brasil é sólido e de longo prazo, numa trajetória que já soma 76 anos. Nossos valores e práticas incluem diálogo e transparência com governos e com a sociedade brasileira. Atuamos em 202 países sempre com total respeito às leis locais. Em todo o Brasil, o Sistema Coca-Cola emprega 54 mil pessoas direta e outras 600 mil indiretamente na produção e distribuição de 213 produtos de 20 marcas. Só este ano nosso investimento no Brasil foi de R$ 3 bilhões, seguindo o mesmo patamar de 2017″.