O comitê que gerencia os investimentos do FGTS aprovou na quarta-feira, 24, em seu primeiro relatório final do ano, o financiamento de até R$ 630 milhões à concessionária de rodovias CCR, que tem como acionistas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido. Os recursos serão usados na recuperação da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

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O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o relatório foi aprovado por 9 dos 11 membros na reunião do comitê do FI-FGTS, formado por indicados pelo governo (a metade), centrais sindicais e associações patronais.

Essa não é a primeira vez que a CCR é financiada pelo FI-FGTS. No fim de 2008, quando a crise internacional havia secado as fontes de crédito, a concessionária recebeu R$ 500 milhões para a recuperação das Rodovias Presidente Dutra e Bandeirantes e da Ponte Rio-Niterói. Procurada pela reportagem, a CCR preferiu não se pronunciar.

Representante da central sindical UGT, Paulo César Rossi votou contra a operação por considerar que serão gerados poucos empregos. Para cada vaga aberta serão desembolsados R$ 163 mil, segundo ele.

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Luiz Fernando Emediato, representante da Força Sindical, se absteve para evitar conflitos de interesse. Em junho, o Estado revelou que o jornalista procurou pelo menos quatro empresas – entre elas, a Camargo Corrêa – para pedir patrocínio a um filme baseado em livro de sua autoria.

Esse foi o primeiro projeto a passar pelas duas rodadas de aprovações do comitê de investimento neste ano – a primeira delas, em julho -, além de receber o aval da administradora Caixa Econômica Federal e de empresas terceirizadas.

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Com R$ 10 bilhões para investir em infraestrutura só neste ano, as aprovações de projetos do FI-FGTS estão em ritmo lento por pressões políticas no comitê. Cada operação do Fundo, que utiliza o superávit do FGTS, precisa ser autorizada por pelo menos 9 dos 12 membros. O FI é o segundo maior financiador de infraestrutura no País, atrás apenas do BNDES.

Outros dois projetos que dependiam de aprovação foram retirados de pauta ontem. A decisão sobre a compra de até 20% do controle acionário da empresa de resíduos sólidos Estre Ambiental por R$ 500 milhões não ocorreu porque Ralph Lima Terra, representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), pediu vistas do processo. A Estre, que tem como sócios Wilson Quintela Filho e fundos do banco BTG e da gestora Angra Infraestrutura, é uma das maiores companhias privadas de coleta e tratamento de lixo no País.

Em maio, enquanto a Caixa estudava adquirir o controle acionário da empresa, o jornal O Estado revelou que a Odebrecht Ambiental, concorrente da Estre, ameaçou “retaliar” o fundo se o aporte fosse aprovado. Em carta ao comando do FI-FGTS e da Caixa, o presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Santos Rei, afirmou que o contrato lhe permitia rever cláusulas caso o FI-FGTS investisse numa empresa do mesmo setor, citando a Estre. O FI-FGTS tem 30% da Odebrecht Ambiental.

Comperj

O comitê também não avançou sobre a decisão de desembolsar R$ 2,5 bilhões em forma de emissão de dívida ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Pelo projeto, os recursos devem ser usados em obras de saneamento e energia em um dos principais empreendimentos da história da Petrobras, erguido no município de Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro.

Fábio Cleto, vice-presidente da Caixa, pediu vista do processo, ao alegar que o valor do investimento é muito alto e que é preciso analisar melhor o projeto. Ele contou com o apoio de Paulo César Rossi, da UGT. Procuradas, Estre e Petrobras não se pronunciaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.