Brasília – Um dia depois de o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, ter dito que o Mercosul não deu certo e ter classificado o tratado que estabeleceu a união aduaneira entre os países de “monstruosidade”, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em discurso no Itamaraty, ontem, que está seguro de que seu sucessor continuará dando a mesma prioridade à Argentina e ao Mercosul que ele vem dando. Ele participou de um almoço em homenagem ao presidente argentino, Eduardo Duhalde.
Fernando Henrique Cardoso, que ontem se encontrou em Brasília com seu colega argentino, Eduardo Duhalde, disse que Brasil e Argentina devem continuar enfrentando juntos os desafios da globalização, a integração das cadeias produtivas, o aumento da competitividade e a disputa conjunta pelos mercados internacionais. “O Brasil não contempla nenhuma iniciativa ou projeto regional sem a parceria com a Argentina”, disse FHC.
As declarações dele se contrapõem ao que pensa seu candidato. Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, Serra disse pretender frear o processo de integração caso seja eleito. Ele disse que o Mercosul não deu certo porque fez concessões incríveis, tratando em condições e igualdade países como o Paraguai e o Uruguai, que têm um PIB infinitamente menor que o brasileiro.
Ontem, Fernando Henrique ressaltou a importância do Mercosul durante as duas solenidades que participou. Pela manhã, no Palácio do Planalto, também ao lado de Duhalde, ele disse que os acordos bilaterais de cooperação assinados entre os dois países têm um significado histórico por superar um momento de descrédito do Mercosul. Fernando Henrique ressaltou que os dois países estão mostrando que são capazes de resolver suas questões comerciais, diante de um cenário econômico desfavorável.
“Num momento de tanta dificuldade, num momento em que tão poucos acreditavam que nós fóssemos capazes de levar adiante nossas negociações e de manter viva a chama do Mercosul, o documento ora firmado mostra, uma vez mais, que o Brasil e a Argentina são capazes de resolver suas questões comerciais, ainda dentro de conjunturas muito desfavoráveis, mantendo a nossa crença firme no Mercosul”, afirmou o presidente.
Fernando Henrique disse que o Mercosul é um instrumento para que se possa buscar também um pacto com os países andinos, fortalecendo a América do Sul. O presidente agradeceu a Eduardo Duhalde pelos esforços da Argentina para recuperar sua vida econômica e política.
“Nós estamos aqui, nesse dia de hoje, outra vez, simbolicamente e praticamente dizendo: vamos, sim, continuar juntos no nosso relacionamento positivo, continuar juntos na nossa crença nas nossas sociedades, na recuperação das nossas economias e nos nossos propósitos de mantermos o Mercosul como um instrumento de cooperação da América do Sul, da América do Sul com a América do Norte, com o México, com a América Central, com os Estados Unidos, com o Canadá, com o NAFTA, com a União Européia”, afirmou Fernando Henrique.
