A alta dos preços no varejo foi determinante para o término da deflação registrada pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em outubro, o índice registrou deflação de 0,04% e, em novembro, houve inflação de 0,07%.
A taxa do Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI), um dos componentes do IGP-DI, subiu de 0,01% para 0,26% de outubro para novembro. Os preços no atacado diminuíram o ritmo de deflação no mesmo período, de queda de 0,08% para baixa de 0,04%. “Os preços ao consumidor foram os que subiram mais”, confirmou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. “A subida nos preços do varejo foi tão intensa que compensou o fato de os preços varejistas contarem com menos peso que os do atacado no cálculo do IGP-DI. É raro isso acontecer.”
Na prática, o que comandou a aceleração no período foi a mudança de comportamento nos preços dos alimentos, que saíram de uma queda de 0,95% para um avanço de 0,27%. Os produtos in natura foram, mais uma vez, os grandes responsáveis pela virada de trajetória nos preços dos alimentos. As frutas, por exemplo, passaram de deflação de 8,25% para inflação de 2,59%.
Álcool
Os recentes avanços nos preços do álcool no atacado, nos últimos três meses, podem estar chegando a um limite, segundo avaliou Quadros. Ele fez o comentário ao citar o comportamento dos preços do álcool etílico hidratado, cuja taxa de inflação ficou menos intensa no atacado, de outubro para novembro, de 6,61% para 4,57%. A inflação do álcool anidro também reduziu o ritmo de avanço no mesmo período, de 11,87% para 5,81%, no âmbito do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI).
Quadros lembrou que o preço da cana-de-açúcar subiu muito este ano, devido à quebra na safra de açúcar na Índia, o que deslocou a produção de açúcar brasileiro para o mercado internacional. Devido à maior procura, isso acabou elevando o preço da cana e de seus derivados no atacado.
No entanto, até mesmo o preço da cana começou a subir menos no atacado, de 4,12% para 2,04%, de outubro para novembro. “Os aumentos de preço na cana foram muitos e afetaram principalmente o preço do açúcar. Mas isso tinha que ter um fim”, disse Quadros, observando que pode estar ocorrendo o começo de uma regularização na oferta da cana e de seus derivados.
A mudança na trajetória de preços do álcool também influenciou o comportamento de preços da gasolina, que possui álcool em sua formação. A taxa de inflação da gasolina no atacado diminuiu de 1,35% para 0,92%, de outubro para novembro. Outro combustível importante também subiu menos, no mesmo período. É o caso de óleo combustível (de 1,88% para 0,14%), influenciado por flutuações do preço do petróleo no mercado internacional.