Com a expectativa de que a taxa mensal de novembro seja maior do que a de 0,28% de outubro de 2014 e do que a de 0,29% de novembro de 2013, o superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse acreditar que é provável que o resultado acumulado em 12 meses captado pelo indicador suba no penúltimo mês do ano. Quanto a dezembro, ele disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que o resultado acumulado poderá diminuir, já que não trabalha inicialmente com uma previsão de taxa mensal para o último mês de 2014 superior ao 0,60% de dezembro de 2013.
Em outubro, a taxa em 12 meses do IGP-M desacelerou para 2,96% e manteve um movimento que vem sendo observado desde maio, quando a inflação acumulada foi de 7,84%, ante 7,98% até abril. Em junho, a taxa ficou em 6,24%; em julho, em 5,32%; em agosto, em 4,89%; e em setembro, ficou em 3,54%.
A expectativa de Quadros leva em conta, para novembro, especialmente um cenário de continuidade na recuperação dos preços agropecuários do atacado, sem que o processo leve a uma aceleração desenfreada do IGP-M. Segundo ele, esse movimento tende a ser puxado principalmente pelos preços em alta de itens in natura, além da saída, por exemplo, da soja do campo da deflação.
Para dezembro, o representante da FGV disse que, apesar da expectativa de uma taxa menor que a do mesmo mês de 2013, há uma dúvida em relação a um eventual reajuste nos combustíveis, como a gasolina e o diesel, que poderia puxar a inflação pelo IGP-M para cima. “Pelo andar da carruagem, acho que (a inflação) também não tem gás para ir até 0,60%, e isso compensaria uma alta em novembro. Mas, como o dado de dezembro ainda pode ser impactado pelo reajuste dos combustíveis, qualquer conjectura maior deve levar isso em consideração”, ponderou, acrescentando que reajustes na gasolina e no diesel menores que o de dezembro do ano passado também poderiam favorecer o cenário de inflação em 12 meses.
Em relação ao atual comportamento do câmbio, Salomão Quadros disse que o dólar subiu recentemente ante o real, mas que o reflexo nos IGPs não ficou “muito aparente”. “Tem uma parte desta subida que não sabemos se veio para ficar. Tem também uma elevação, porque o dólar está se valorizando em outros lugares no mundo”, avaliou.
“Tem também, dessa valorização, uma parte que é muito ruído. Diante dessa dificuldade de identificar qual é realmente o tamanho da desvalorização cambial, o repasse disso para os preços industriais fica um pouco defasado”, comentou, citando ainda o atual cenário de preços mais baixos nas commodities, no mercado internacional, como efeito de alívio ante ao câmbio em relação aos preços.