A inflação menos intensa no setor industrial atacadista (de 1,64% para 0,52%) conduziu à desaceleração na taxa do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) na segunda prévia de março, para 0,91%, ante 1,10% em igual leitura de fevereiro. Segundo disse hoje o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, as desacelerações e quedas de preços no atacado estão muito “espalhadas” entre os preços industriais, tanto na indústria alimentícia quanto no fornecimento de insumos para manufatura.
No caso da cadeia alimentícia, houve forte desaceleração de preços em produtos alimentícios e bebidas (de 2,71% para 0,03%). Isso porque o movimento de alta expressiva no preço do açúcar aparentemente chegou ao fim: o produto no atacado mostrou queda de 0,06% na segunda prévia de março, após subir 18,12% em igual prévia em fevereiro.
Além disso, foram detectados movimentos de enfraquecimento na inflação de celulose, papel e produtos de papel (de 2,21% para 0,62%) e em material para manufatura (de 2,73% para 1,31%). Produtos derivados de petróleo também mostraram desaceleração expressiva de preços (de 1,68% para 0,03%) no mesmo período.
Para o especialista da fundação, não há uma única causa para os preços “comportados” no atacado. “Temos vários movimentos agindo no setor atacadista”, afirmou. Segundo ele, o açúcar, que passava por problemas de oferta, agora conta com disponibilidade mais equilibrada, o que ajuda a derrubar os preços do item, que subiu muito nos últimos meses.
Além disso, há um movimento de recuperação nos preços dos produtos industriais no atacado, no cenário pós-crise, já que muitos itens registraram quedas e desacelerações de preços por causa da menor demanda originada pelo cenário turbulento. “Mas este movimento funciona em ritmos de ‘ondas’. Passamos por uma ‘onda’ recentemente, com alta de preços expressivas, mas agora o ritmo de recuperação de preços arrefeceu”, disse.