FGV revisa previsão do IPC-S de março de 1,7% para 1,4%

O alívio praticamente disseminado da inflação de alimentos no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da terceira leitura de março levou o coordenador do indicador, o economista Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a revisar para baixo a projeção para o IPC-S fechado deste mês. A previsão passou de 1,70% para 1,40%, disse nesta segunda-feira, 23, o professor à reportagem. “Nas duas primeiras semanas, o índice acelerou e atingiu quase 1,5% na segunda leitura, e revisamos para 1,7%. Depois, entre a segunda e a terceira medições, a novidade é a desaceleração muito generalizada e em alguns casos até pronunciada em itens do grupo Alimentação”, explicou.

Na visão do economista, os preços dos alimentos podem estar enfrentando resistência para avançar principalmente por dois motivos: o clima adverso e a redução na demanda doméstica. “É uma mistura de consumo mais fraco e do clima atípico, que começou com seca (prolongada) e agora enfrenta período chuvoso mais forte. Não tem nada de comum no comportamento desses preços. É uma boa notícia nesse cenário de inflação elevada”, avaliou.

Entre a segunda e a terceira medição de março (últimos 30 dias terminados no domingo, 22), a classe de despesa de alimentos passou de 1,25% para 1,09%, influenciada por alguns produtos que estão desacelerando e até indicam quedas na próxima leitura do IPC-S, disse Picchetti. Ele citou como exemplo o tomate e a cenoura, que saíram de 14,47% e 16,68%, respectivamente para 9,98% (tomate) e 9,39% (cenoura), e estão cedendo nas pesquisas de ponta (mais recentes). “Outros itens do segmento de hortaliças e legumes também estão desacelerando”, disse.

Ao contrário do grupo Alimentação, os conjuntos de preços de Habitação (3,19%) e Transportes (1,42%) tiveram as maiores variações no IPC-S da terceira quadrissemana do mês, que ficou em 1,47% ante 1,49%. Os grupos foram influenciados, pela ordem, pelas taxas ainda elevadas de energia elétrica (18,36%) e gasolina (4,56%). No entanto, o economista ponderou que as altas já eram aguardadas, lembrando que, no caso da gasolina, o item já dá sinais de alívio. “A gasolina e o etanol (de 3,85% para 2,29%) estão desacelerando e, na ponta (pesquisas recentes), estão subindo bem menos, devendo dar contribuição adicional (junto com Alimentação) para um IPC-S menor no final do mês”, afirmou.

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