Apesar da pressão dos alimentos, o câmbio exerceu uma contribuição favorável à inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de março. Segundo o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o comportamento recente do dólar, em queda, ajudou a conter os preços de bens intermediários, que desaceleraram de 1,17% para 0,69% em março e impediram avanço ainda mais intenso do IGP-DI.

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“A expectativa é de que o dólar suba ao longo do ano porque condições monetárias internacionais estão se modificando. Mas, no momento, o dólar está na direção oposta”, salientou Quadros. “Materiais para a manufatura, insumos industriais sujeitos a câmbio, não devem ter grande aceleração por conta disso”, acrescentou.

Para o superintendente, é uma surpresa esse recuo do dólar, dadas as expectativas em torno da política monetária dos Estados Unidos, cuja mudança pode promover uma realocação de capitais, e do possível déficit na balança comercial brasileira. Tais fatos, segundo ele, poderiam desencadear uma desvalorização do real. Mesmo assim, na média de março, o dólar ficou em R$ 2,32609, segundo a FGV, 2,42% abaixo da média de fevereiro.

“O dólar surpreendentemente recuou e não dá sinais de que vá acelerar imediatamente. Com isso, fica cada vez mais evidente que os preços, neste momento, são movidos a estiagem e choque agrícola”, disse Quadros.

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