Apesar de ter registrado uma queda menos intensa em junho, a confiança do setor de serviços engrossa o conjunto de estatísticas que indica um resultado negativo no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, avaliou o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 0,7% em junho, mas o recuo acumulado nos últimos três meses chegou a 7,2% – redução mais intensa desde o primeiro trimestre de 2009 (-8,5%). “A dimensão e a difusão dessa queda, além do resultado dos demais indicadores de confiança, sugerem queda do PIB na ponta”, disse Sales.
“Dificilmente o PIB do segundo trimestre vai dar zero. É cada vez mais provável um número negativo”, reforçou. O emprego previsto para os próximos três meses também está em declínio. Após cair 3,1% em abril e 1,7% em maio, o indicador cedeu 0,7% neste mês, para 106,5 pontos – o menor nível desde abril de 2009 (104,9 pontos).
Apesar disso, o dado de junho trouxe algumas sinalizações favoráveis. Além da queda menos intensa (o índice havia cedido 5,7% em maio), “só” 18 dos 31 setores pesquisados mostraram visão menos otimista, contra 26 no mês passado, notou Sales. Mas o indicador segue retrocedendo a níveis registrados no início de 2009. Além da intenção de contratação em baixa, a demanda atual fraca, por exemplo, foi apontada por 29% das empresas, a maior fatia desde junho de 2009 (31,6%).
A queda no ICS foi determinada principalmente pelos segmentos de média e baixa produtividade, refletindo a moderação no consumo de serviços pelas famílias. Esses setores, intensivos em mão de obra, não indicam forte expansão no número de vagas nos próximos meses. Por outro lado, os setores de alta produtividade tiveram melhora na confiança, com destaque para serviços de informação (TI), com aumento de 3,9%. “Pode ter efeito, ainda que momentâneo, da grande circulação de informações nesse período e Copa. Com o dado de julho, vamos ver se isso se sustenta”, explicou Sales.
Outros segmentos que tiveram alta na confiança foram telecomunicações, audiovisuais, transporte ferroviário, metroviário e marítimo, além de aluguel de imóveis. “Pode ser (influência da Copa), mas são sinais muito discretos. O resultado positivo é muito mais porque havia apreensão com manifestações, se daria tudo certo”, afirmou Sales. “Teremos mais clareza se os efeitos líquidos terão sido positivos ou negativos no resultado de julho, porque o dado vai computar todo o efeito”, acrescentou.
Os serviços prestados às famílias, por sua vez, registraram queda de 3,6% na confiança este mês. Segundo o economista, o segmento é um dos mais expostos aos feriados e às paralisações durante o Mundial.