A desaceleração de 0,20 ponto porcentual do grupo Alimentação entre a primeira e a segunda leituras de maio dá condições para que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) feche o mês, na faixa de 0,50%, como o estimado no início de maio pela Fundação Getulio Vargas (FGV), avaliou, nesta segunda-feira, 18, Salomão Quadros, superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. “Alimentação vai ajudar a aliviar a inflação e esse é um resultado que pode ser factível”, afirmou.

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De acordo com Quadros, o arrefecimento do grupo Alimentação, de 0,93% para 0,73% na segunda quadrissemana de maio (últimos 30 dias terminados na sexta-feira, 15), foi influenciado pelos produtos in natura, especialmente pelas frutas, que acentuaram a deflação de 0,51% para de 2,89%. “É uma diminuição forte em um período relativamente curto”, disse, completando que o movimento dos in natura está dentro do ciclo de altas menores esperado para este período.

Além dos in natura, a alta menos expressiva das carnes bovinas, de 1,19% para 0,80% na segunda leitura do mês, também contribuiu para um resultado menor da classe de despesa de alimentos e, consequentemente do IPC-S do período, que ficou em 0,65%. Na primeira medição, o IPC-S foi de 0,70%.

De acordo com o economista, os preços das carnes já estão relativamente elevados e o momento parece não ser um dos melhores para reajustá-los. “Pelo lado da oferta, há razões para subir o preço, até porque o boi gordo andou subindo. Mas o quanto disso chegará ao varejo vai depender da disposição do consumidor em comprar. Sabemos que atualmente as condições de compra e de rendimento disponíveis estão difíceis, com todos os aumentos de tarifas. É possível que esteja subindo mais lentamente, porque não dá para subir mais. Por isso, acredito que o grupo Alimentação poderá dar essa contribuição (para arrefecer o IPC-S do fechamento de maio)”, reforçou.

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Já os grupos Vestuário (de 1,05% para 1,12%) e Saúde e Cuidados Pessoais (de 1,50% para 1,55%) continuaram impedindo o IPC-S de desacelerar de forma mais significativa. O primeiro, disse, Quadros, reflete o período de sazonalidade desfavorável, de troca de coleção. Já o grupo Saúde vem sendo pressionado por causa dos reajustes recentes nos preços dos medicamentos.

A despeito do arrefecimento do IPC-S entre a primeira e a segunda leitura de maio, o economista do Ibre/FGV demonstra pouco otimismo em relação ao comportamento atual dos preços. “Dá um certo alívio, mas sabemos que a inflação está acima de 8%. Já estava na hora disso (desaceleração) acontecer”, afirmou. Em 12 meses até abril, o IPC-S acumula alta de 8,41%.

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